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Segundo reportagem dos jornalistas Renato Machado e Victoria Azevedo, publicada na Folha de S. Paulo, o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL)e seus aliados, incluindo o prefeito João Henrique Caldas (PL), lançaram uma ofensiva para tentar incluir o governo Lula na conta das medidas de atendimento aos moradores de Maceió que precisaram deixar as suas casas.

A desocupação aconteceu por causa do risco de desabamento de uma das minas da Braskem, com a possibilidade de abrir na capital alagoana uma cratera do tamanho do Maracanã, destruindo vários bairros. A manobra jogaria o governo federal em um problema que é resultado da má gestão dos aliados do presidente da Câmara.

O Executivo, por sua vez, entende que as indenizações e auxílio para moradia da população atingida são de responsabilidade exclusiva da empresa e do município.

Lira, o prefeito de Maceió e aliados passaram a pressionar por ações do governo federal para enfrentar o problema, em particular na área de moradia. A ação, no entanto, vem enfrentando resistência do governo Lula, diz a Folha.

Nas redes sociais, o presidente da Câmara cobrou ontem que Maceió precisa de “amparo urgente” do governo federal.

O parlamentar afirmou que solicitou aos órgãos responsáveis a viabilização de recursos e a edição de uma medida provisória “que garantam à Prefeitura de Maceió a condição de atendimento aos moradores atingidos e de empreender ações para combater o problema gerado pela exploração do sal-gema”.

Aliado de Lira, o senador Rodrigo Cunha (Podemos-AL) teve uma reunião no Palácio do Planalto nesta sexta com o presidente em exercício, Geraldo Alckmin, para também solicitar auxílio do governo federal para a habitação de famílias afetadas pela possibilidade de abertura de uma cratera.

Enquanto isso, o prefeito de Maceió é uma das autoridades acusadas, junto com os responsáveis pela Braskem, tanto por abordagem truculenta da população atingida pelo afundamento, quanto por abandono de parte dos bairros mais pobres prejudicados pela ação da empresa.

Moradores que vivem nos bairros próximos às minas de sal-gema da Braskem denunciam que têm sofrido racismo ambiental. Segundo eles, a mineradora e as autoridades públicas de Maceió e do governo de Alagoas estão preocupadas apenas em evacuar a região, mas sem garantir a solução do problema para a população.

“A comunidade dos Flexais não aceita o racismo ambiental que tem sofrido. Desligaram a água, a população vive numa apreensão gigante com um crime que a Braskem cometeu aqui. Hoje, decidiram fechar todas as vias de Bebedouro. Não passa mais nada”, reclama o morador Maurício Sarmento.

Segundo ele, os moradores dos Flexais, das partes de cima e de baixo, ficaram isolados depois da evacuação obrigatória dos bairros vizinhos. Flexais, que até então não era considerada área de risco, fica ao lado de Bebedouro, região histórica e, atualmente, considerada uma região fantasma.

“O que aconteceu aqui não foi acidente, foi crime. E o crime da Braskem tem que ser punido como tal. Não aceitamos ir para abrigos públicos. Queremos sair daqui com dignidade e com indenização justa”, avisa Sarmento. “Prefeitura de Maceió, Defesa Civil, Ministério Público: não aceitamos a condição de racismo ambiental imposta a nós”, acrescenta.

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