ICL Notícias

Por Arthur Guimarães

(Folhapress) — O presidente Lula, 79, evoluiu bem à cirurgia, está estável e conversa e se alimenta normalmente. A informação é da equipe médica, que fala à imprensa no Hospital Sírio-Libanês em São Paulo. A cirurgia durou cerca de duas horas, e o presidente chegou lúcido e orientado ao hospital. Segundo os médicos, tratou-se de uma complicação comum após quedas como a sofrida pelo presidente.

O petista teve uma hemorragia intracraniana e foi submetido nesta madrugada a uma craniotomia para drenagem de hematoma. Ele foi atendido pelos médicos Roberto Kalil Filho e o neurocirurgião Marcos Stavale e está agora sob cuidados da infectologista Ana Helena Germoglio.

A hemorragia intracraniana está relacionada à queda sofrida por Lula em 19 de outubro, quando bateu a cabeça no banheiro do Palácio da Alvorada, a residência oficial da Presidência da República.

Nesta segunda-feira (09), Lula reclamou de dores na cabeça e sonolência em conversas com ministros, segundo relato de um deles. Um dos interlocutores do presidente disse que o petista demonstrava desconforto já durante a tarde.

Lula saiu do Palácio do Planalto às 18h antes do fim de uma reunião com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e foi para a unidade do Hospital Sírio-Libanês em Brasília.

A intenção original era que ele fosse submetido a exames só na manhã desta terça-feira (10). Consultado, o médico do presidente Roberto Kalil Filho resolveu antecipá-los. Após resultado, o presidente foi transferido em um avião da FAB (Força Aérea Brasileira) para São Paulo.

O médico Roberto Kalil Filho, em coletiva de imprensa no Hospital Sírio-Libanês em São Paulo (Foto: Reprodução vídeo)

Lula descreveu a queda no banheiro em uma entrevista à RedeTV! no início de novembro. Segundo ele, a queda sofrida resultou em uma “batida muito forte” da cabeça e que ele achou que “tinha rachado o cérebro”.

“Eu caí de onde eu nunca deveria ter caído. Veja, eu cheguei 16h30 no sábado, em casa, vindo de São Paulo e eu sentei para cortar a minha unha, cortei minha unha, lixei minha unha, sentado num banquinho que eu sempre sentei. E atrás do banco que estava sentado tem o espelho, as gavetas onde guardam as coisas e uma hidromassagem, grande, de 1,5 metros de altura. Eu estava sentado”, descreveu.

“Quando eu fui guardar o estojo, ao invés de mexer com o banco, eu mexi só com o corpo. O dado concreto é o seguinte: que não teve mais espaço e aí a minha bunda não levitou. Então eu caí e bati com a cabeça.

Foi uma batida muito forte, saiu muito sangue, eu achei que tinha rachado o cérebro, rachado o casco.”
Lula então relatou que foi levado diretamente para a unidade de Brasília do hospital Sírio Libanês. E então relatou que teve a percepção de ser uma coisa “muito mais grave”

“Eu achei que era uma coisa muito mais grave. A batida mexeu com o cérebro, estou fazendo ressonância magnética a cada três dias. Agora vou fazer uma última, uma última não, fazer uma no domingo para ver se estou 100% curado”, afirmou o presidente.

Lula teve hematoma no crânio

Ainda não se sabe qual o tipo de hematoma foi diagnosticado em Lula, mas, pelas características e tipo de intervenção realizada, médicos ouvidos pela Folha acreditam ser o subdural, o mais comum em idosos.

O neurocirurgião Luiz Severo explica que fatores como idade, uso de anticoagulantes e traumas seguidos aumentam o risco de recorrência do sangramento, o que se torna mais preocupante.

“Um sangramento não operado pode ir evoluindo com o tempo e colecionando no espaço do cérebro que idoso tem. O idoso tem um espaço maior no cérebro, por conta da atrofia cerebral, uma condição natural.”

Para ele, essa cirurgia de urgência tem várias considerações importantes em relação à sua recuperação e prognóstico. “Sendo o presidente do país tudo isso começa a ser preocupante.”

De acordo com o médico, a recorrência do sangramento intracraniano seguido de cirurgia podem aumentar as chances de sequelas, mas isso pode variar dependendo da gravidade da hemorragia e da rapidez com que o tratamento foi realizado.

Nessas situações, o hematoma pode comprimir áreas importantes do cérebro, como da fala, da motricidade e das emoções.

Lula ficará na UTI em observação por 48 horas. Depois será transferido para um quarto no hospital.

Deixe um comentário

Mais Lidas

Assine nossa newsletter
Receba nossos informativos diretamente em seu e-mail