O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira (26), em entrevista ao UOL, que “enquanto for presidente” não desvinculará o aumento das aposentadoria e de pensões do reajuste do salário mínimo.” O presidente também respondeu sobre a sucessão na presidência do Banco Central e defendeu o ministro da Fazenda Fernando Haddad.
Ao vivo do Palácio do Planalto, Lula também comentou o PL do Estupro, que chamou de “carnificina contra as mulheres” e sobre a decisão do STF de terça-feira (25) pela descriminalização da maconha.
A entrevista, que pouco mais de uma hora, foi conduzida pelos jornalistas Carla Araújo e Leonardo Sakamoto.
Lula: ‘Nervosismo do mercado’
Lula começou a entrevista criticando o “nervosismo do mercado”. “Gasto está sendo bem feito? Acho que está. Nós estamos fazendo uma análise de onde tem gasto exagerado, que não deveria ter, onde tem pessoas que não deveriam receber e estão recebendo. E com muita tranquilidade, sem levar em conta o nervosismo do mercado, levando em conta a necessidade de você manter política de investimento, disse o presidente.
Em seguida, reafirmou a importância de debater se corte de gastos no orçamento do governo “é realmente é necessário”.
O problema não é que tem que cortar, o problema é saber se precisa efetivamente cortar, ou se a gente precisa aumentar a arrecadação. Temos que fazer essa discussão”
Lula voltou a reiterar que não considera o salário mínimo como gasto: “Salário mínimo é o mínimo que uma pessoa precisa para sobreviver. Se acho que vou resolver o problema da economia brasileira apertando o mínimo do mínimo, estou desgraçado. Não vou para o céu, ficaria no purgatório.” E continuou: “Ou seja, você tem que sempre colocar a reposição inflacionária porque é para manter o poder aquisitivo e nós damos uma média do crescimento do PIB dos últimos dois anos. Ora, o crescimento do PIB é exatamente para isso, para você distribuir entre os 202 milhões de brasileiros e eu não posso penalizar a pessoa que ganha menos.”
“As pessoas comem alimentos, não PIB, como dizia Maria da Conceição Tavares. Mas, se o PIB não crescer, não tem como distribuir. Não vale também só crescer o PIB sem distribuir. E estamos fazendo isso. Qualquer crescimento, por menor que seja, precisa ser distribuído para os mais de 200 milhões de habitantes deste país.”
Durante a entrevista, Lula presidente lula voltou a criticar o atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto e manutenção da taxa de juros no patamar de 10,5%. “O Banco Central tem necessidade de manter a taxa de 10,5% quando a inflação está a 4%? Não é culpa sequer do BC, é culpa da estrutura que foi criada. BC vai ter plano de meta de crescimento? A gente vai avançar para isso”.
Perguntado sobre a escolha de Gabriel Galípolo para substituir Campos Neto, o presidente elogiou Galípolo, mas disse que ainda não está pensando nisso.
Fernando Haddad
Questionado sobre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, Lula ressaltou que, apesar das divergências, (“Obviamente que nós temos divergências, eu nem sempre comungo com tudo o que o Haddad pensa e quero que ele não comungue com tudo que eu penso”), Lula voltou a dizer que confia em Haddad: “O Haddad é um companheiro que tem 100% da minha confiança, o Rui [Costa] tem 100% da minha confiança porque eu montei uma equipe boa”.
PL do Estupro
Para Lula, o PL 1904/24, “criminaliza a vítima”. “O projeto apresentado não era um projeto, era uma carnificina contra as mulheres, porque, na verdade, ele estava criminalizando a vítima.”
Também elogiou as manifestações que ocorreram em diversas cidades do país: “Ainda bem, ainda bem que a sociedade se manifestou, graças a Deus. Ainda bem que as mulheres estão indo para rua, esse é um dado importante, as mulheres têm que ir para rua.”
Maconha
Comentando a decisão do STF de terça-feira (25) que descriminaliza o porte de maconha, o presidente disse que “é nobre que haja diferenciação entre o consumidor, o usuário e o traficante”, mas que essa decisão não cabe necessariamente ao STF.: “Pode ser no Congresso Nacional, para que a gente possa regular.
Para Lula, a prerrogativa de decidir sobre o tema das drogas deveria ser da ciência: “Eu acho que deveria ser da ciência, não é nem do advogado. Cadê a comunidade psiquiatra nesse país que não se manifesta e não é ouvida?
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