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Pedro Barciela

Autor no blog Essa Tal Rede Social, estuda e atua na área de monitoramento e análise de redes sociais com foco em política e campanhas eleitorais.

Marçal, Moraes e Bolsonaro: os atores centrais do conflito bolsonarista

Conflito interno ao bolsonarismo acompanha arrefecimento nos ataques ao STF, ainda que Moraes seja figura "central" no conflito
24/08/2024 | 10h04

A última semana marcou um novo capítulo no conflito envolvendo a família Bolsonaro, o ex-coach Pablo Marçal e — como não podia deixar de ser no bolsonarismo — o ministro Alexandre de Moraes. Na crise envolvendo Alexandre de Moraes e o bolsonarismo, o fim do escritório do X (Twitter) foi o novo capítulo de destaque.

A retirada da representação comercial e jurídica da empresa foi interpretada por atores ligados ao bolsonarismo como mais uma prova explícita da “censura perpetrada por Moraes”. Diferentemente do episódio envolvendo reportagem da Folha de São Paulo, a retirada do escritório no X no Brasil atraiu a atenção de atores não-polarizados, e apresenta potencial de expandir o campo de alcance deste tema.

No entanto, entre convocações para atos na avenida Paulista e ataques dos mais variados atores ligados ao bolsonarismo e ao lavajatismo, outro tema viria se destacar nesse agrupamento: o conflito entre Pablo Marçal e a família Bolsonaro.

Como exemplo, no dia 21 (quarta-feira) o conflito com bolsonaristas, a investigação de aliados de Marçal por envolvimento com tráfico, vídeo homofóbico, desistência de entrevista em canal bolsonarista e áudios de suposto golpe ofuscaram a pesquisa Atlas/Intel que colocou Marçal em 3º lugar na corrida eleitoral de SP.

Não apenas Carlos Bolsonaro, mas também atores como Eduardo Bolsonaro, Paulo Figueiredo e perfis influenciadores do bolsonarismo passaram a atacar diretamente o candidato. Em destaque novamente o antagonista do bolsonarismo: a ausência de um confronto explícito do ex-coach com Alexandre de Moraes é usada como (um dos) pretexto bolsonarista para desferir os ataques contra ele.

Volume de menções ao ministro Alexandre de Moraes, apesar das novas matérias da Folha de São Paulo, arrefece ao mesmo tempo em que as menções ao ex-coach Pablo Marçal crescem no X (Twitter)

Assim como a saída do escritório do X (Twitter) do Brasil, o atrito público entre Pablo Marçal e Jair Bolsonaro gerou atenção e engajamento de atores não-polarizados e perfis de fofocas. Isso gerou uma série de fissuras internas ao cluster bolsonarista que limitam, em última instância, a ampliação do volume de menções ao tema que parecia central ao grupo nesse período: Alexandre de Moraes e STF.

Assim como qualquer fissura dentro de um agrupamento, vale ressaltar que existem usuários que criticam publicamente o posicionamento da família Bolsonaro. Apesar de não serem atores centrais, diversos usuários manifestam algum tipo de incômodo com a escolha de Nunes como candidato bolsonarista e o que entendem ser um excesso de ataques contra Marçal.

Sem dúvida, é cedo para fazermos uma análise do impacto de tal fissura no bolsonarismo. No entanto, é provável que tal conflito já esteja limitando um dos principais trunfos deste agrupamento: a sua coesão. Divididos entre a tal “Vaza Toga”, a defesa da família Bolsonaro e os ataques contra Pablo Marçal, o agrupamento não apenas vê minguar sua atuação como oposição ao governo federal, mas também vê em xeque a sua tão imprescindível capacidade de sintonia.

 

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