Rafael Cardoso — Agência Brasil
A primeira reunião de ministros das relações exteriores do G20 começou agora há pouco na Marina da Glória, no Rio de Janeiro. No discurso inaugural, o chanceler Mauro Vieira disse que é inaceitável a paralisia do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) diante do número recorde de conflitos no mundo, que ele estimou em mais de 170.
De acordo com Mauro Vieira, as instituições multilaterais “não estão devidamente equipadas” para lidar com os desafios atuais, como demonstrado pela “inaceitável paralisia” do Conselho de Segurança em relação aos conflitos em curso.
“Esse estado de inação implica diretamente perdas de vidas inocentes. O Brasil não aceita um mundo em que as diferenças são resolvidas pelo uso da força militar. Uma parcela muito significativa do mundo fez uma opção pela paz e não aceita ser envolvida em conflitos impulsionados por nações estrangeiras. O Brasil rejeita a busca de hegemonias, antigas ou novas. Não é do nosso interesse viver em um mundo fraturado”, disse o ministro.
Mauro Vieira também criticou o volume de gastos militares atuais, em detrimento dos investimentos em desenvolvimento social e meio ambiente.
“Não é minimamente razoável que o mundo ultrapasse – e muito – a marca de US$ 2 trilhões em gastos militares a cada ano. A título de comparação, os programas de ajuda da Assistência Oficial ao Desenvolvimento permanecem estagnados em torno de US$ 60 bilhões por ano – menos de 3% dos gastos militares”, afirmou.
Segundo o chanceler, os desembolsos para combater mudanças climáticas, sob o amparo do Acordo de Paris, mal conseguem alcançar os compromissos de US$ 100 bilhões por ano, portanto menos de 5% dos gastos militares.
“Se a desigualdade e mudanças climáticas de fato constituem ameaças existenciais, não consigo evitar a sensação de que nos faltam ações concretas sobre tais questões”, disse.
QUESTÕES SOCIAIS
Como deixou claro no discurso de abertura, o Brasil pretende priorizar questões sociais durante a presidência do G20, que vai até o dia 30 de novembro de 2024, o que incluiu o combate à fome no mundo.
“Gostaria de fazer um apelo a todos vocês para que prestem especial atenção e deem apoio às discussões em curso com o objetivo de lançar uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, uma prioridade-chave de nossa presidência no G20. Meu país gostaria de contar com o apoio de todos os membros, países convidados e organizações internacionais para que, na Cúpula de Líderes do Rio de Janeiro, em novembro próximo, as vinte maiores economias do mundo possam anunciar uma contribuição efetiva para erradicar a fome no mundo”, avisou Mauro Vieira.
Pergunte ao Chat ICL
Relacionados
Brasil sobe 5 posições no IDH, ranking global de desenvolvimento humano da ONU
País passou da 89ª para a 84ª colocação com avanço nos indicadores de renda e saúde
Relatorias da ONU cobram Brasil por caso de mulher escravizada na casa de juiz de SC
Sônia Maria de Jesus é surda e segue no local onde foi encontrada em situação análoga à escravidão
Exército veta ex-preso político em visita da ONU no quartel em que funcionou DOI-Codi
Ex-preso Newton Leão já tinha feito visitas com a Comissão Nacional da Verdade entre 2013 e 2014