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Movimentos sociais lotam Câmara em apoio a Padre Júlio

Após CPI tirar foco de ONGs e mirar padre Julio, vereadores e integrantes da Igreja denunciam manobra da extrema direita
12/03/2024 | 07h31

Movimentos sociais, vereadores do campo progressista e integrantes da Igreja Católica lotaram na noite desta segunda-feira (11) no Auditório Prestes Maia, da Câmara de São Paulo, em um ato de apoio “incondicional” ao padre Júlio Lancellotti.

Os participantes denunciaram o que chamaram de “perseguição” da extrema-direita ao religioso, que é alvo de uma proposta de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) de iniciativa do vereador Rubinho Nunes (União), ligado ao Movimento Brasil Livre (MBL).

“Não é o padre Júlio quem está sendo acusado, mas sim toda a igreja que defende os pobres. Atacar o padre Júlio Lancellotti é atacar os movimentos populares”, afirmou Gilmar Mauro, da coordenação nacional do Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Representando a paróquia de São Miguel Arcanjo, à qual pertence padre Júlio, o padre Tarcísio Marques Mesquita diz que os integrantes da comunidade na zona leste de São Paulo (SP) estão preocupados com a saúde do religioso. “Nós enquanto comunidade não aceitamos essa situação, que é injusta e hipócrita”, pontuou.

Os participantes da audiência na Câmara consideram a CPI uma manobra política para esconder a desigualdade social de São Paulo (SP), cidade mais rica do Brasil, mas com metade da população de rua do país.

Movimentos sociais ocuparam a Câmara de SP

“São Paulo é uma cidade que odeia pobre. Que tenta a todo custo expulsar as pessoas pobres das regiões centrais e tentar escondê-las nas periferias. E o padre Júlio não deixa essa verdade ser escondida, por isso ele é atacado”, afirmou a vereadora Elaine do Quilombo Periférico (PSOL).

Audiência ocorre em meio à mudança de foco da CPI

Nesta terça-feira (12), Nunes buscará assinaturas de vereadores para mudar o escopo da CPI. Até agora, o pressuposto era investigar ONGs que dão apoio às populações em situação de rua. O foco agora são crimes sexuais e abusos contra essas populações.

Com a configuração anterior, a CPI enfrentaria dificuldades para mirar padre Júlio, já que ele não pertence a nenhuma ONG, mas sim à paróquia São Miguel Arcanjo, na Mooca, zona leste de São Paulo (SP). Ele também é coordenador da Pastoral do Povo da Rua.

Relembre o caso

Em janeiro, o presidente da Câmara Municipal de São Paulo, o vereador Milton Leite (União Brasil), enviou à Arquidiocese um vídeo de cunho sexual, sem autenticidade comprovada, relacionando-o ao padre Julio Lancellotti.

O vídeo circulou pelas redes sociais em meio à tentativa de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o trabalho de lideranças que atuam em prol da população de rua, especialmente o padre.

A proposta de CPI foi articulada pelo vereador Rubinho Nunes (União Brasil), vinculado ao Movimento Brasil Livre (MBL). Nunes alega que o padre faria parte de uma “máfia da miséria” no centro de São Paulo. Diante de uma grande repercussão negativa, muitos vereadores manifestaram recuo e desistência no apoio à CPI.

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