Localizado no Centro da cidade de São Paulo, o Museu da Diversidade Sexual demitiu 12 dos 30 funcionários, incluindo dois estagiários. A demissão ocorreu na última quinta-feira (29). O espaço é vinculado à Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do governo estadual.
De acordo com ex-funcionários, as áreas de educação e museologia ficaram sem nenhum profissional. Os demitidos revelaram ao G1 que a sobrecarga de trabalho era habitual, mesmo antes dos cortes.
O museu, segundo os profissionais, justificou as demissões sob alegação do baixo orçamento de 2024. Para os ex-funcionários, no entanto, a demissão veio como uma forma de “sufocar a memória institucional”.
Irregularidades

Foto: Divulgação
Os ex-colaboradores do museu relatam, ainda, que empregados mais novos do museu estão na diretoria e os que têm mais tempo de casa foram cortados.
A Unidade de Preservação do Patrimônio Museológico, da Secretaria da Cultura estadual, em novembro do ano passado, encontrou irregularidades nos salários da diretoria da instituição. Segundo o parecer técnico do segundo quadrimestre do ano passado, as remunerações ultrapassaram o que era previsto no contrato de gestão.
Ministério Público
As deputadas estaduais da Bancada Feminina do PSOL acionaram o Ministério Público do Estado de São Paulo (MP–SP) com pedido de apuração do caso. As parlamentares questionam a demissão dos 12 funcionários e indagam sobre o funcionamento do museu depois que o quadro de colaboradores foi reduzido.
O museu está fechado desde 2022, em razão de uma reforma. Segundo os ex-funcionários, a obra, no entanto, já foi finalizada. Nesse período, exposições menores foram realizadas na avenida São Luís, no centro de São Paulo.
Em abril de 2022, a instituição teve que fechar as portas temporariamente depois de uma decisão judicial a favor do pedido do deputado estadual Gil Diniz (PL). A alegação é de que o Instituto Odeon, que administra o espaço, não tinha idoneidade para assumir a expansão do museu e que o contrato, feito sem licitação, era irregular.
O que diz a secretaria?
“A Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo informa que o Museu da Diversidade passa por uma reestruturação com o objetivo de oferecer um melhor atendimento ao público. Houve readequação da equipe, e novos profissionais serão contratados para a reabertura do espaço, sem nenhum prejuízo ao público.
Além disso, o equipamento recebeu investimentos de R$ 4,1 milhões para uma série de melhorias. Já em fase de finalização, com a instalação do sistema de prevenção a incêndios, a previsão é que a abertura aconteça ainda neste semestre. Vale destacar que o Museu conta com Tony Boita na direção de conteúdo e, na reabertura, terá uma exposição sob a curadoria de Amara Moira e Marcelo Campos.
Sobre a prestação de contas, em acordo com a Instrução Normativa TCE 01/2020, cabe ressaltar que a avaliação é realizada anualmente, sendo que as de 2023 têm o prazo se encerrando em 30 de junho.”
O que diz o Museu da Diversidade Sexual?
“O Museu da Diversidade Sexual, primeiro museu público da América Latina dedicado à salvaguarda e promoção da memória, arte e cultura LGBTQIA+, esclarece que tomou a difícil decisão de realizar dez desligamentos de colaboradores efetivos e dois de estagiários no quadro de funcionários em decorrência de uma reestruturação organizacional e adequação orçamentária, comuns no âmbito da administração pública, visando garantir o bom funcionamento e saúde financeira da instituição.
Neste novo momento, as áreas técnicas seguem lideradas por profissionais altamente qualificados e reconhecidos. À frente do núcleo de Museologia e Acervo e gerência de Conteúdo, temos Tony Boita – experiente gestor de equipamentos culturais que já liderou museus vinculados ao Instituto Brasileiro de Museus e pesquisador da temática LGBTQIA+, além de ser museólogo e doutor em comunicação – e os núcleos de Educação para a Diversidade e Exposições e Programação Cultural seguirá sob a gestão da escritora, curadora e educadora Amara Moira, primeira mulher trans a obter o título de doutora pela Unicamp usando seu nome social.
Em linha com o objetivo de seguir construindo uma instituição de alta relevância para a sociedade, a instituição está em fase final de sua obra de ampliação, que aumenta o espaço físico do museu de 100m2 para mais de 500m2, visando a permitir a recepção de cada vez mais visitantes interessados nas discussões e exposições que permeiam o tema da diversidade sexual. A previsão de reabertura do espaço segue mantida para o primeiro semestre de 2024, com as exposições “Pajubá: a hora e a vez do close”, de média duração, e “Artes Dissidentes: o céu que brilha no chão”, de curta duração.
Por fim, esclarecemos que o plano de remuneração do Museu da Diversidade Sexual segue o Manual de Recursos Humanos do Instituto Odeon (disponível no site) e segue rigorosamente as diretrizes da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, que define no contrato de gestão o percentual destinado à remuneração da equipe, proporcional ao repasse destinado ao museu.”
Relacionados
DENÚNCIA EXCLUSIVA: Paraisópolis relata multiplicação repentina de pessoas em situação de rua
O ritmo de chegada dessas pessoas em situação de rua e usuários de drogas é de cinco a oito a cada dois dias
Estado de SP publica lista de escolas que podem aderir ao modelo cívico-militar
Modelo de educação cívico-militar é alvo de críticas por parte de educadores
Após denúncia de Edu Moreira, vaquinha do ICL avança para ajudar projeto social de Paraisópolis
Campanha busca construir primeira escola de Desenvolvimento de Negócios, Tecnologia e Comunicação da comunidade