O mês de novembro de 2023, até o momento, está marcado por chuvas e temporais constantes, por vezes com granizo e rajadas de vento, que têm causado diversos transtornos, como enchentes, estragos em edificações e óbitos nos estados da Região sul, em especial, no Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
O fenômeno El Niño está atuando na região central do Oceano Pacífico, com forte intensidade, atingindo seu maior valor semanal de anomalia (diferença entre o valor observado e a média) da Temperatura da Superfície do Mar (TSM), com 1,9°C acima da média de 1991-2020. O valor (1,9°C) é o maior desde setembro de 2015.
A comunidade da cidade de Gramado , no Rio Grande do Sul, está assustada com uma grande quantidade de rachaduras e fendas que apareceram no solo da cidade nos últimos dias depois de um episódio de chuva extrema que atingiu a região da Serra Gaúcha. Um prédio residencial, que estava interditado, chegou a desabar.
Os pontos mais críticos na cidade são o bairro Três Pinheiros, que segue interditado pela erosão no solo e o risco de desmoronamentos, a Travessa das Azaléias, no bairro Planalto, o loteamento Orlandi na Várzea Grande, e a Rua Nelson Dinnebier no bairro Piratini.
Desde o último fim de semana, mais de cem famílias tiveram de deixar suas casas em função das rachaduras no solo e do risco de desabamento. São moradores do bairro Três Pinheiros, onde um prédio desabou na quinta-feira, e da rua Nelson Dinnebier, no bairro Piratini, onde o solo cedeu.
As causas ainda são investigadas por técnicos do município, do estado e de uma empresa contratada para fazer um laudo geológico. Há várias teorias para as rachaduras, como a declividade do terreno, instabilidade do solo e o excesso de chuva.
O que é consenso é o fato de as rachaduras terem aparecido mais e com maior extensão e gravidade depois de um evento de chuva excessiva na Região das Hortênsias, o que trouxe grande número de deslizamentos de terra e quedas de barreiras em estradas da região.
Mas quanto choveu em Gramado? Existe uma estação meteorológica oficial, do Instituto Nacional de Meteorologia na área do aeroporto de Canela, quase no limite do município de Gramado. Os volumes de chuva ocorridos na estação são representativos do que se precipitou no vizinho município de Gramado.
Somente nos sete dias que precederam o aparecimento das rachaduras na cidade de Gramado, a estação meteorológica registrou 291 mm em Canela. O volume, para se ter ideia, representa o dobro da média histórica de precipitação de novembro inteiro na região de 144,5 mm.
O mês de novembro soma até agora na Região das Hortênsias um acumulado de 325,5 mm, portanto 224% da média histórica mensal. Em outubro, a precipitação no mês havia sido de 360,2 mm, volume equivalente a 187% da média histórica mensal. Setembro foi o mês mais chuvoso com 442,6 mm, acumulado que representa 271% da média do mês, ou seja, quase o triplo.
A chuva apenas entre 1º de setembro e 23 de novembro na cidade, no que transcorreu até agora da primavera meteorológica, somou 1.128 mm. O volume é mais que o dobro da média de precipitação da primavera climática inteira. Com base em dados da estação de Caxias do Sul e pela normal 1961-1990, a chuva média anual na região é de 1.915 mm, assim apenas nesta primavera meteorológica, em menos de três meses, choveu até o momento 59% da média de um ano inteiro.
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