Por Ana Beatriz Garcia
(Folhapress) – O prefeito Ricardo Nunes (MDB) afirmou, nesta quinta-feira (15), que a SPU (Superintendência de Patrimônio da União) é “responsável pela suspensão da transferência” do terreno da favela do Moinho ao governo do estado, “por influência do Guilherme Boulos“.
A SPU, órgão do governo federal, anunciou a medida nesta semana. A decisão sobre a interrupção da cessão da área é justificada com críticas ao processo de demolição das casas e às seguidas intervenções da Polícia Militar para apoiar a ação da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Segundo Nunes, um indicado de Boulos, deputado federal pelo PSOL, na SPU e a influência do parlamentar teriam transformado a transferência em uma “questão político-partidária”. Ele disse ainda que Boulos tirou uma foto com a irmã do traficante Leo do Moinho, preso em agosto de 2024, em Praia Grande (SP), na operação Salus et Dignitas.
Procurado pela reportagem, o deputado não respondeu até a publicação deste texto.
Ricardo Nunes
Nunes, que falou à imprensa no SCP (Serviço de Cuidados Prolongados) Álcool e Drogas Boracéa, na Barra Funda, ligou a operação contra o tráfico na favela do Moinho ao recente desaparecimento do fluxo da cracolândia.
Segundo o prefeito, a inteligência da prefeitura já tem notado uma transferência do tráfico para a favela do Gato, localizada no Bom Retiro. Ele afirmou que a equipe já “está em cima” para estender o combate também à comunidade.

Moradores do Moinho questionam governo federal com faixa; ‘Lula, tire a PM do Tarcísio do seu terreno’.
Nunes e seu secretário da Saúde, Luiz Carlos Zamarco, afirmaram que não há mais cenas abertas de uso na cidade, apenas pequenos pontos espalhados, que incluem locais como o Glicério e o Bom Retiro.
“É um resultado do que a gente tem feito nos últimos anos”, disse Nunes, acrescentando que o número de usuários de drogas na região central caiu de pouco mais de 600 em maio de 2023 para 109 em maio desse ano.
Como mostrou a Folha de S.Paulo, os usuários voltaram a se espalhar por outras regiões da área central da cidade. Uns poucos ainda podiam ser vistos, na manhã desta quarta-feira (14), nas proximidades, como nas ruas Conselheiro Nébias e General Julio Marcondes Salgado e na praça Júlio Mesquita, mas sem grandes aglomerações.
Entidades sociais que acompanham a situação dos usuários de drogas e desenvolvem políticas de redução de danos lembram que não é a primeira vez que a cracolândia é esvaziada ou muda de endereço.
O maior ponto de concentração de usuários na manhã de quarta era debaixo do viaduto Diário Popular, próximo do Mercado Municipal e a poucos metros da Inspetoria de Operações Especiais (Iope), da Guarda Civil Metropolitana (GCM).
Usuário também se concentravam no túnel José Roberto Fanganiello Melhem (entre as avenidas Paulista e Rebouças, já no limite entre o centro e a zona oeste) e no viaduto Júlio de Mesquita Filho (embaixo da Praça Roosevelt).
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