Por Pedro Chê*
Se houvesse uma condecoração internacional para premiar malfeitos e desserviços à humanidade, o Brasil certamente teria um vasto elenco de candidatáveis. Alguns já imortalizados pela história, outros ainda nossos contemporâneos, há também aqueles mais famosos e outros pertencentes mais aos bastidores. Quanto aos que possuem poucos holofotes, há um prodígio quase esquecido, o ex-prefeito de São Bernardo do Campo/SP, Orlando Morando.
A sua prodigiosidade não se dá por sua idade — afinal, 50 anos é tempo mais do que suficiente para realizar muita perversidade, mas o que me chamou a atenção foi seu currículo.
Sobre o seu nome repousam denúncias na ONU, OEA, Ministério Público/SP, todas envolvendo acusações de prática de racismo institucional, prática que ocorre quando instituições, órgãos públicos ou mesmo o Estado agem de maneira flagrante e sistematicamente discriminatória.
Tais acusações se baseiam em diversas medidas que tomou enquanto prefeito, como: [a] despejo da casa do Hip Hop; [b] fechamento da Fundação criança; [c] despejo de templo religioso de matriz africana; [d] fechamento de bibliotecas e teatros voltados as populações da periferia; e estou sendo deveras econômico, pois esta é uma lista bem restrita de seus “feitos”. A pergunta que fica: se ele já foi tão atroz numa cidade de interior, imaginem esse senhor com maiores poderes e recursos? Imaginem ele numa capital? Bem, isso aconteceu…
Ele foi nomeado pelo “moderado” Ricardo Nunes para a chefia da Secretaria de Segurança Urbana, ou seja, comandará a famosa GCM paulistana. Famosa por ser a maior Guarda Municipal do país, mas não por representar entre as forças de segurança brasileiras uma doutrina diferenciada no tratamento da população, basta ver as atuações registradas contra camelôs e ambulantes. Infelizmente uma massiva parte da população (inclusive das periferias) aprova a truculência como ferramenta das polícias, enfim, sigamos…
Quem pode estar acompanhando tal nomeação com algum interesse é o secretário Derrite, não porque represente o surgimento de um concorrente, não… não é assim que funcionará. O Orlando provavelmente será recebido como um colaborador, afinal nada combina melhor com truculência policial do que práticas higienistas.
A direita brasileira não tem grandes receios em revelar quem realmente é e o que pretende. Enquanto isso, a esquerda… bem, esse é um tema para outro artigo.
*Policial civil e professor de História
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