Estudo do ONS (Operador Nacional do Sistema) apresentado ao governo federal aponta economia de R$ 1,8 bilhão caso o horário de verão seja implementado neste ano. No entanto, a decisão de implementar ou não o horário depende do Poder Executivo.
O Brasil vive uma das mais graves secas de sua história, mas a falta de chuvas ainda não afetou a capacidade dos reservatórios das hidrelétricas, que se mantêm acima dos 50%. Porém, a intensidade pluvial nos próximos meses será crucial para determinar os rumos do setor elétrico no sentido de garantir o abastecimento energético à população.
“Tomando como base as receitas dos empreendimentos vencedores do leilão de reserva de capacidade realizado em 2021, e considerando uma redução estimada em cerca de 2 GW [gigawatts] na ponta de carga [momento de maior consumo] devido à aplicação do horário de verão, estima-se uma economia anual, em termos de pagamento de receita fixa aos empreendimentos vencedores do leilão, de cerca de R$ 1,8 bilhões por ano”, escreveu o ONS no documento.
Segundo dados do Ministério de Minas e Energia, atualmente, as três maiores fontes renováveis que compõem a matriz de energia elétrica brasileira são hídrica (55%), Eólica (14,8%) e Biomassa (8,4%). Das fontes não renováveis, as maiores são Gás Natural (9%), Petróleo (4%) e Carvão Mineral (1,75%).
A economia, segundo o ONS, viria do fato de que, com o horário de verão, o governo precisaria acionar menos usinas termelétricas, que são mais caras e poluentes, em horários de grande consumo de energia.
Porém, o órgão ressaltou que o horário de verão não vai gerar economia de energia. O que vai acontecer, se ele for aplicado, é que, ao postergar em uma hora o início da noite, usinas eólicas e solares vão ajudar no momento de grande consumo, que é a volta para casa entre o fim do dia e início da noite.
Nesse horário, as gerações eólica e solar caem, porque venta menos e porque não há luz natural. Isso faz com que seja necessário o acionamento das termelétricas. É também nesse momento que é ligada a iluminação pública.
Com o “atraso” da noite em uma hora, o acionamento da iluminação pública e privada não coincidem com a hora da chegada em casa, quando a demanda por energia é maior, o que é chamado no setor elétrico de “ponta de carga”.
Adoção do horário de verão não muda demanda por energia elétrica
O estudo do ONS ressalta, no entanto, que a demanda por energia elétrica não muda com a adoção do horário de verão.
“Independente da temperatura ou tipo de dia, os resultados não mostraram diferenças significativas na carga de energia entre os períodos com horário de verão (HV) e sem horário de verão. Os valores obtidos para os testes foram consistentemente altos, indicando que o horário de verão não produz um impacto substancial na demanda de energia”, conclui o ONS.
Mas outro estudo desenvolvido pelo ONS aponta que a aplicação do horário de verão, em cenários de afluências críticas, poderá trazer uma redução de até 2,9% da demanda máxima.
“O ONS realizou os estudos sobre o horário de verão e recomendou sua adoção visto que há ganhos positivos para o setor elétrico, contribuindo para a eficiência do Sistema Interligado Nacional (SIN) e, principalmente, ampliando a capacidade de atendimento na ponta de carga”, afirmou Marcio Rea, presidente do ONS na semana passada.
Especialistas também reforçam que o padrão do consumo de energia mudou nos últimos anos em todo o mundo. A iluminação das casas já não causa tanto impacto. Ventiladores e aparelhos de ar-condicionado ficam ligados praticamente o dia inteiro, em razão do calor, e não fazem mais diferença por serem produzidos com tecnologia mais moderna.
Em suma, a diferença que o horário de verão traz é estender o período do dia em que as usinas eólicas e solares, de custo menor, podem ajudar o sistema.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e g1
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