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Por Cleber Lourenço
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) formalizou seu afastamento da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (20). A licença inclui dois dias para tratamento de saúde e mais 120 dias por “interesse particular”, totalizando 122 dias. Com isso, seu nome já aparece como “não em exercício” no sistema da Casa, e um suplente deverá ser convocado para ocupar temporariamente o mandato.
De acordo com o regimento da Câmara, afastamentos superiores a 120 dias exigem substituição do titular por um suplente. A lista dos parlamentares suplentes da bancada paulista do PL está disponível no site da Câmara, e a convocação deve ser oficializada pela Secretaria-Geral da Mesa nos próximos dias.
A decisão de Eduardo provocou dúvidas e especulações entre deputados próximos a ele. Parlamentares do entorno do deputado afirmam que ainda não foram informados sobre a real motivação do afastamento nem sobre os planos futuros do filho do ex-presidente Jair Bolsonaro. Uma das hipóteses em debate é a possibilidade de mudança definitiva para os Estados Unidos.
Aliados próximos acreditam que, caso a intenção de Eduardo fosse apenas se afastar da política até 2026 para tentar herdar o capital político do pai em uma eventual disputa presidencial, ele poderia ter optado por renunciar ao mandato — em vez de tirar uma licença temporária. O fato de manter o cargo, mesmo licenciado, indica que ele ainda avalia suas opções, entendem os aliados.
A validade de seu visto norte-americano também entrou no radar de interlocutores no Congresso. Segundo deputados com trânsito no gabinete do parlamentar, o visto atual de Eduardo para os Estados Unidos tem duração de seis meses, o que, na avaliação desses parlamentares, indicaria que ele estaria aguardando uma definição sobre sua permanência legal no país antes de tomar uma decisão definitiva sobre o mandato.
Eduardo Bolsonaro e a extrema direita internacional
Nos bastidores, a movimentação do deputado é acompanhada com atenção por diferentes setores do Congresso e do próprio PL. Eduardo tem reforçado, nos últimos anos, laços com figuras da extrema direita internacional, incluindo ex-assessores do ex-presidente Donald Trump, além de ter participado de eventos com lideranças conservadoras nos EUA.
A aproximação com esse universo político tem alimentado especulações de que o deputado possa estar preparando uma guinada internacional, o que poderia incluir a residência fixa fora do Brasil e até uma atuação mais próxima do chamado bolsonarismo global.
A indefinição preocupa colegas de partido. Alguns temem que a ausência prolongada de Eduardo dificulte a articulação da ala mais ideológica do PL, especialmente em pautas ligadas aos costumes e à segurança pública. Outros avaliam que o movimento faz parte de um recuo estratégico, enquanto o entorno do ex-presidente Jair Bolsonaro reorganiza suas forças para o cenário eleitoral de 2026.
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