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PF ouve Mauro Cid nesta segunda após revelações sobre tentativa de golpe

Acordo de delação premiada de tenente-coronel pode até ser cancelado sem novas informações
11/03/2024 | 10h20

Ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, o tenente-coronel do Exército Mauro Cid prestará nesta segunda-feira um novo depoimento à Polícia Federal sobre os planos de golpe de Estado articulados por Bolsonaro e seus aliados no fim de 2022.

O militar tem um acordo de delação premiada com a PF, homologado pelo ministro Alexandre de Moraes em setembro de 2023, mas o acordo pode até ser desfeito se Cid não der mais informações para os investigadores. Cid ficou preso preventivamente por cinco meses antes de optar pelo acordo de delação premiada.

A nova oitiva de Cid, que já prestou depoimentos que somam mais de 24 horas à Polícia Federal, foi agendada após o general Marco Antônio Freire Gomes, comandante do Exército até o final de 2022, depor à PF e implicar o ex-presidente Jair Bolsonaro nas discussões sobre um golpe de estado — o general teria confirmado a participação em reuniões de teor golpista com a presença do ex-chefe do Executivo. Cid deve ser questionado sobre o papel de Bolsonaro na trama por um golpe de estado.

Cid também deve ser perguntado sobre se Bolsonaro orientou a manutenção dos acampamentos na frente dos quartéis no final de 2022 — o ex-presidente nega.

A Operação Tempus Veritatis revelou uma reunião ministerial em que auxiliares de Bolsonaro defenderam que o governo tomasse alguma ação. Além disso, discussões de teor golpista também foram encontradas pelos investigadores em conversas por WhatsApp.

Cid disse que Bolsonaro editou minuta do golpe

Em uma delas, Cid enviou um áudio ao então comandante do Exército, o general Freire Gomes, indicando que Bolsonaro teria feito alterações em uma das propostas de minuta.

“E hoje ele mexeu naquele decreto, né. Ele reduziu bastante e fez algo muito mais direto, objetivo, curto e limitado”, disse o militar a Freire Gomes, em 9 de dezembro de 2022 — dois dias depois da reunião de Bolsonaro com os militares no Palácio da Alvorada.

Mauro Cid após deixar batalhão onde passou cinco meses preso antes de aceitar acordo de delação premiada

Mauro Cid após deixar batalhão onde passou cinco meses preso antes de aceitar acordo de delação premiada

Cid também será perguntado sobre a participação de outros militares da cúpula das Forças Armadas na discussão do plano golpista. No último mês, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão contra 16 militares, entre eles os generais e ex-ministros Walter Braga Netto, Paulo Sérgio Nogueira e Augusto Heleno.

Cid ficou preso preventivamente por cinco meses antes de optar pelo acordo de delação premiada. Na última semana, o general Freire Gomes permaneceu por quase oito horas prestando depoimento aos policiais.

Freire Gomes confirmou que Bolsonaro convocou uma reunião no dia 7 de dezembro de 2022 no Palácio da Alvorada para discutir detalhes sobre uma minuta que previa a realização de novas eleições e a prisão do ministro do STF Alexandre de Moraes. Em seu primeiro depoimento, Cid relatou que soube da existência do documento apócrifo, quando o então Assessor da Presidência Filipe Martins lhe apresentou uma versão impressa e em formato digital para que fossem feitas alterações pedidas por Bolsonaro.

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