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PL de Santa Catarina usa diárias de cofres públicos para eventos do partido

Prefeita que jogou livros no lixo e filha de Michelle Bolsonaro também receberam diárias
16/08/2024 | 16h59

Por Amanda Miranda — Newsletter Passando a Limpo

Presidido pelo governador bolsonarista Jorginho Mello, o Partido Liberal (PL) em Santa Catarina tem utilizado diárias pagas a servidores em atividade para aproveitar o tempo de trabalho para agendas partidárias. Assim como as outras siglas que mantêm o desempenho exigido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o PL recebe fundo partidário e fundo eleitoral para bancar suas contas e atividades.

No último 5 de agosto, quatro funcionários da secretaria de comunicação do governo do Estado receberam diárias para estar em Lages, região serrana, no mesmo dia da convenção que definiu a ex-secretária da saúde Carmen Zanotto como candidata a prefeita pelo Cidadania, com apoio e presença do governador.

A agenda foi justificada no site da secretaria de Comunicação com um encontro na associação empresarial da cidade, mas as redes do governador não destacam a atividade. Os gastos com as diárias, entretanto, estão documentados no portal da transparência. Um dos servidores chegou a viajar de Lages para o Espírito Santo, na sequência, para acompanhar outra agenda do governador, enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva inaugurava uma obra em Santa Catarina.

Dias antes, Mello havia se envolvido em outra polêmica: flagrado em uma imagem em gesto de intimidade com a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, durante convenção do PL, para aclamar a candidatura de Topázio Neto e Maryanne Mattos, ele acabou exonerando um funcionário da comunicação digital do governo. Oficialmente, não houve explicações sobre o motivo de um funcionário do governo ser demitido após um ato ocorrido em evento do partido.

Prefeita que jogou livros no lixo e filha de Michelle Bolsonaro também receberam diárias

O portal da transparência da prefeitura de Canoinhas, no interior do Estado, também demonstrou uma outra coincidência entre agendas pagas com diárias e agendas de interesse partidário do PL. Juliana Maciel viajou a Brasília em novembro de 2023 e registrou no seu Instagram a filiação ao partido do governador enquanto recebia dos cofres municipais.

A viagem custou R$ 3.196,13 aos cofres públicos e foi justificada “para tratar de assuntos de interesse da municipalidade com agenda com deputados federais no Congresso Nacional e com Ministros de Estado na Esplanada dos Ministérios”.

Na sua rede, entretanto, o registro de Brasília mostra a prefeita segurando um papel junto ao   ex-presidente Jair Bolsonaro. O governador Jorginho Mello, a deputada federal Caroline de Toni e o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, também estão na imagem. “Hoje me filiei ao PL. Muito obrigada pela confiança. Juntos vamos transformar Canoinhas”, escreveu.

O governo de Santa Catarina também bancou diárias para a filha de Michelle Bolsonaro em datas coincidentes a agendas partidárias da mãe no estado, como revelou o ICL Notícias em abril. Letícia Firmo, que é funcionária comissionada do governo estadual em Brasília, recebeu para visitar o Estado em julho de 2023, nas mesmas datas em que Michelle protagonizou o maior evento do PL Mulher em SC. Letícia posou para fotos no evento com a mãe e outras mulheres.

Fundos

Em 2023, o diretório estadual do PL declarou ter arrecadado R$ 1.602.266,70, mas recebeu R$ 1.590.000 só de fundo partidário. Segundo dados do TSE, em 2023 o PL-SC gastou R$ 1.011.764,73, o que lhe deixou com um saldo positivo de quase R$ 600 mil.

O partido ainda não prestou contas das suas despesas em 2024, quando também é beneficiado pelo fundo eleitoral. O diretório nacional receberá R$ 886 milhões para dividir entre as candidaturas de todo país.

No estado, o partido liderado pelo governador Jorginho Mello terá 184 candidaturas. Segundo o TSE, além de poderem ser usados para financiar campanhas eleitorais, os valores do Fundo Partidário são utilizados para custear atividades rotineiras das legendas, como o pagamento de água, luz, aluguel e passagens aéreas, entre outros. Já o fundo eleitoral serve para cobrir custos das campanhas.

A reportagem entrou em contato com a assessoria do PL-SC, que respondeu que “em relação aos eventos partidários, não houve a participação de funcionários a serviço do governo do estado”. Questionado sobre o fato de despesas com diárias em datas coincidentes a eventos do partido estarem registradas em portais da transparência, o PL não retornou até o fechamento desta notícia.

 

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