Por Karla Gamba
O 6º Batalhão da Polícia Militar do Distrito Federal tem realizado reuniões oficiais da corporação em uma sede da Igreja Universal, em Brasília, obrigando policiais a ir ao templo.
“Parceria” com a Igreja Universal
A coluna teve acesso a um vídeo que mostra PMs fardados na igreja, ouvindo a pregação de um pastor. Procurada, a assessoria da PMDF não retornou contato até o fechamento desta reportagem.
Conhecido como “Batalhão dos Poderes”, o 6º Batalhão reúne o efetivo que cuida da Esplanada dos Ministérios e era um dos principais responsáveis pela segurança do local no dia 8 de janeiro.
O evento na Universal ocorreu na manhã desta terça-feira (27/2) e teve uma escala de convocação anunciada em um grupo de WhatsApp na noite anterior. Uma vez escalados, os policiais não poderiam faltar, nem se estiverem de folga na data.
Para ir à igreja, a PM disponibilizou um transporte, que saiu da sede do batalhão às 7h15.
Segundo relatos, o tenente-coronel Rodrigo da Silva Abadio, comandante do 6º Batalhão, chegou a fazer uma fala durante o evento falando em parceria entre o batalhão e a Igreja Universal.
Em grupos sem o comando, os policiais questionaram se a reunião não “poderia ter sido resolvida com um texto”:
“Não dava pra fazer um texto e mandar no grupo das escalas?”, perguntou um deles.
“Rolava até de fazer um vídeo”, afirmou outro.
Veja o vídeo da PMDF
A reunião é chamada de “Formatura Geral” e ocorre mensalmente, ou a cada dois meses. Nela, o comandante fala sobre as ocorrências de destaque no período, faz elogios e um balanço do trabalho. O encontro acontecia no Cefor (Centro de Formação, Treinamento e Aperfeiçoamento) da Câmara dos Deputados, região onde os policiais trabalham, mas isso começou a mudar no ano passado.
Fontes ouvidas pela coluna contaram que a tenente-coronel Kelly de Freitas Souza, que seria frequentadora da Universal, começou a “levar” a igreja para dentro do batalhão, e depois o batalhão para dentro da igreja.
Kelly era comandante do “Batalhão dos Poderes”, mas estava de férias no dia 8 de janeiro — quando manifestantes que defendiam um golpe de Estado invadiram e quebraram prédios na Esplanada. Naquele dia, quem ocupava interinamente o seu posto era o major Flávio Silvestre de Alencar, que está preso e é réu por suspeita de omissão nos ataques.
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