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Juliana Dal Piva

Formada pela UFSC com mestrado no CPDOC da FGV-Rio. Foi repórter especial do jornal O Globo e colunista do portal UOL. É apresentadora do podcast "A vida secreta do Jair" e autora do livro "O negócio do Jair: a história proibida do clã Bolsonaro", da editora Zahar, finalista do prêmio Jabuti de 2023.

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EXCLUSIVO: Policial diz que Rivaldo quis cooptá-la para usar sistemas da Polícia para empresas

Inspetora afirma ainda que Rivaldo Barbosa a obrigava a pagar as contas da família dele com dinheiro vivo
08/06/2024 | 14h05

Com Igor Mello

Uma policial civil denunciou espontaneamente à Polícia Federal que o delegado Rivaldo Barbosa, preso sob a acusação de participação no assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), tentou cooptá-la para trabalhar em suas empresas de segurança.

Segundo ela, a função exigiria que ela utilizasse bancos de dados sigilosos da Polícia Civil. Ela afirma que negou o convite.

Em seu depoimento, Rivaldo atribuiu à inspetora da Polícia Civil Marcela Santos de Souza Ribas a informação de que poderia ser demitido em 2019 por articulação do então subsecretário de Inteligência do Rio, Fábio Galvão — a quem ele acusa de perseguição.

Diante da repercussão da fala de Rivaldo, a inspetora procurou a PF e prestou depoimento negando as afirmações do ex-chefe.

Segundo ela, essa conversa nunca ocorreu. Além disso, ela contou aos investigadores que foi alvo de uma tentativa de cooptação por parte do delegado para que prestasse serviço para suas empresas de segurança. O trabalho, segundo ela, seria utilizar sistemas e bases de dados da Polícia Civil para atender a demandas dos negócios de Rivaldo.

“RIVALDO BARBOSA lhe convidou para trabalhar nas suas empresas e, para isso, a depoente teria que ser lotada na Delegacia de Homicídios da Capital; QUE o trabalho da depoente para as empresa seria de consulta a bancos de dados etc.; QUE a depoente recusou prontamente tal proposta”, relata a PF no termo de depoimento, ao qual a coluna teve acesso.

Policial: Rivaldo pagava contas com dinheiro vivo

A policial civil Marcela Ribas acusa ainda Rivaldo de assédio moral no período em que foi seu chefe na Subsecretaria de Inteligência, entre 2008 e 2011. Segundo ela, o delegado hoje preso a obrigava a realizar tarefas de cunho pessoal, como envio de cestas de café para sua esposa, Érika Araújo, e o pagamento de contas particulares. Nesse momento, ela afirma que em diversos casos esses pagamentos eram feitos em dinheiro vivo.

Em março, a coluna revelou que um relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Econômicas) mostrou que Rivaldo Barbosa recebeu R$ 322 mil em dinheiro vivo em um período de 3 anos e 9 meses.

O valor está identificado como oriundo de depósitos em espécie não identificados. Esse tipo de marcação ocorre, por exemplo, quando depósitos são feitos em dinheiro vivo na boca do caixa. Autoridades que atuam no combate à lavagem de dinheiro consideram que esse é um método utilizado para esconder a origem dos recursos.

Operação Guilhotina

A inspetora Marcela Ribas afirma ainda que Rivaldo Barbosa foi demitido do cargo na Subsecretaria de Inteligência “devido à sua resistência em desencadear a Operação Guilhotina”.

A ação em questão desbaratou um esquema de corrupção de policiais ligados ao jogo do bicho no Rio. Em decorrência dela o então chefe de Polícia Civil, Allan Turnowski, caiu, após ser flagrado em uma escuta vazando informações sobre a operação para um policial investigado.

Segundo a policial, Rivaldo “reuniu a equipe e disse que estava com medo de mexer com policiais civis perigosos”. Como a coluna revelou nesta semana, Rivaldo afirmou em depoimento que cogitou nomear Turnowski como integrante da cúpula de sua gestão à frente da Polícia Civil, em 2018, mas que acabou desistindo da ideia após levar o nome ao general Richard Nunes, então secretário de Segurança do Rio durante a intervenção federal.

Em 2022, Turnowski foi preso sob a acusação de receber propina do jogo do bicho e participar de um plano do bicheiro Fernando Ignácio para matar o desafeto Rogério Andrade.

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