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Prefeitura de São Paulo revoga emergência de dengue e demite médicos

OUTRO LADO: Secretaria Municipal de Saúde confirma demissões e diz que medida pode ser revista caso haja novo aumento de casos
15/10/2024 | 11h34

Por Marcos Candido

(Folhapress) — Médicos que atendiam na rede municipal foram demitidos após a Prefeitura de São Paulo revogar a situação de emergência da dengue na cidade.

Segundo o Simesp (Sindicato dos Médicos de São Paulo), os cortes foram anunciados a partir do último dia 4, às vésperas do primeiro turno das eleições.

Os profissionais atendiam casos de dengue, mas também a demandas de saúde diárias de pacientes. O total de cortes ainda é levantado pelo sindicato. Até agora, eles foram registrados na zona oeste e norte da cidade.

Os médicos foram contratados a partir de abril para dar reforço em UBSs (Unidade Básica de Saúde), AMAs (Assistência Médica Ambulatorial) e Centros de Saúde.

A revogação da situação de emergência da dengue foi publicada na segunda-feira (7) passada pelo secretário municipal da saúde, Luiz Carlos Zamarco, nomeado por Ricardo Nunes (MDB) em 2022.

Luiz Carlos Zamarco, secretário municipal da saúde de São Paulo (Foto: Reprodução)

A pasta confirma as demissões. “Com a redução de pacientes sintomáticos e a queda contínua nos casos confirmados de dengue nas últimas semanas, a estrutura emergencial foi desmobilizada, incluindo o desligamento de alguns profissionais temporários”, afirma em nota.

A secretaria acrescenta que, caso haja novo aumento de casos da doença, o serviço poderá ser reativado. O investimento municipal no combate à dengue foi R$ 430 milhões, entre contratações, insumos, exames e tendas de atendimento.

O contrato com os profissionais era intermediado por OSS (Organização Social de Saúde), que prestam serviço à prefeitura. Desde abril, elas recebiam repasses mensais para manter as contratações.

Médicos afastados pela prefeitura

Na zona norte, todas as AMAs da organização social ASF (Associação Saúde da Família) tiveram médicos extras afastados, diz o sindicato. Na zona oeste, sete UBSs registraram cortes. O sindicato prevê reduções em mais regiões da cidade.

O médico Guilherme Barbosa, funcionário municipal no Centro de Saúde Escola Samuel Barnsley Pessoa, no Butantã, afirma que o profissional adicional havia melhorado o fluxo de atendimentos. “Agora está um caos”, diz. A equipe médica só soube que ficaria sem o reforço na última semana.

Outro médico, que não quis ser identificado, foi dispensado da UBS Vila Dalva, também na zona oeste, onde atendia a uma média de 35 pacientes às sextas-feiras. O contrato dele era como PJ (Pessoa Jurídica) com uma empresa contratada pela organização social.

Ele afirma que desde agosto atendia principalmente casos de quadros respiratórios devido à queda na qualidade do ar. “Nós tivemos que dar conta da unidade e dos agendamentos. Foi bem exaustivo, mas a gente deu conta”, diz.

Nos dois casos, os hospitais são administrados pela organização social SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina).

Apenas para contratação de médicos para as UBS na zona oeste, a prefeitura previu repasses de mais de R$ 2 milhões à organização para desafogar os atendimentos.

No total, o plano municipal previu R$ 108 milhões para todas as OSS do município para conter a dengue, em fevereiro. Além de contratações, os valores também ampliaram o horário de atendimento de algumas AMAs para as 22h. Os repasses eram renovados e feitos mensalmente.

Para o presidente do Simesp, Augusto Ribeiro, as contratações foram mantidas mesmo com a queda nos índices de dengue. O motivo, afirma, seria evitar filas no período pré-eleitoral, iniciado oficialmente em agosto. “Não existe um motivo para eles estarem escalados na semana passada e não estarem nessa”, diz.

Em maio, a cidade de São Paulo se tornou o epicentro da dengue, com 296.763 casos confirmados e 137 mortes pela doença. Em termos históricos, a cidade nunca havia atingido esta marca.

Já em agosto, o número despencou para uma morte confirmada e 2.856 caos prováveis de dengue. Em setembro, nenhuma morte foi confirmada, 3 ainda estão sob investigação e 1.952 casos prováveis da doença provocada pelo Aedes aegypti estão em análise.

Desde o início do ano, a capital já teve 365 mortes confirmadas por dengue. Os dados são do Ministério da Saúde.

 

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