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Produtores gaúchos jogam leite fora em meio a uma das maiores tragédias do RS

Com centenas de desabrigados vivendo de doações, cerca de 700 agricultores da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS) protestam contra preço da bebida e descartam litros e litros
02/10/2023 | 15h10

O Estado do Rio Grande do Sul tem sofrido com ciclones extratropicais e fortes chuvas, com dezenas de mortos e feridos. Centenas de pessoas ainda continuam desabrigados em várias cidades e vivem de doações. O drama de muitos gaúchos, contudo, não sensibilizou cerca de 700 agricultores da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS). Na semana passada, eles resolveram protestar contra a perda de lucro na venda de leite e descartaram litros e litros da bebida.

O descarte aconteceu na cidade de Frederico Westphalen, no noroeste do estado. Em vídeo publicado que viralizou nas redes sociais nos últimos dias, os agricultores derramaram tonéis e mais tonéis de leite. Além da perda de lucro, eles também reclamam da importação de leite em pó do Mercosul. Segundo a Fetag-RS, o setor tem sido prejudicado e, por isso, o protesto.

A medida extrema, que demonstra total falta de sensibilidade dos produtores de leite, foi alvo de protestos nas redes. Afinal, os agricultores poderiam ter protestado fazendo doações para os desabrigados do estado.

“Enquanto o MST distribuiu marmitas pra pessoas atingidas pelas chuvas, produtores de leite no Rio Grande do Sul protestam jogando leite fora”, reclamou o geógrafo Pedro Ronchi, na rede social X.

Para justificar o protesto da semana passada, o vice-presidente da Fetag-RS, Eugênio Zanetti, disse que “de 2015 pra cá, mais de 60% das famílias desistiram da atividade”. E muitos “não estão mais conseguindo se manter”.

“O preço pago pelo litro do leite não para de cair, culpa das importações exageradas, principalmente de leite em pó, dos países do Mercosul. O governo não quer mudar regras do Mercosul, mas parece estar aceitando a ideia de quebrar todos os produtores brasileiros, que não estão mais conseguindo se manter”, afirmou Zanetti.

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