Em uma entrevista ao jornalista Arthur Guimarães, no portal Metrópoles,o deputado federal Alexandre Ramagem (PL–RJ) reconheceu a possibilidade de terem ocorrido “atividades ilícitas” na Agência Brasileira de Inteligência (Abin), durante o período em que ele a comandava no governo de Jair Bolsonaro (PL).
A Polícia Federal (PF) está investigando se a estrutura da Abin foi utilizada indevidamente para espionar autoridades e adversários políticos do ex-presidente, em uma investigação que já resultou em mandados de busca e apreensão em endereços vinculados a Ramagem e ao vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos–RJ), filho do ex-presidente.
Ramagem levantou suspeitas sobre as atividades de Paulo Mauricio Fortunato, diretor de Operações da Abin durante sua gestão. Com a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Presidência, Fortunato foi promovido e chegou a ocupar o terceiro cargo na hierarquia da agência, sendo posteriormente afastado por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em outubro do ano passado. Essa medida foi tomada no contexto do inquérito que investiga o uso, pela Abin, do programa espião FirstMile, revelado pelo jornal O Globo.
CASSAÇÃO
Como adiantou Juliana Dal Piva, colunista do portal ICL Notícias, o PSOL vai entrar, no início da próxima semana, com um requerimento na Comissão de Ética da Câmara dos Deputados pedindo a cassação do mandato de Ramagem. A base do pedido são as revelações já existentes sobre a investigação da Polícia Federal que apura a chamada “Abin Paralela” no período em que ele foi diretor-geral da agência durante o governo de Jair Bolsonaro.
“Já há um entendimento da Comissão de Ética que dependendo do crime que a pessoa cometeu antes de ser deputado, se esse crime fere a honra do próprio parlamento, ele precisa ser afastado mesmo que o crime tenha sido cometido antes e este é tipicamente um caso como esse. Ou seja, atentar contra o estado democrático de direito antes de ser deputado fere a honra, o decoro do parlamento brasileiro mesmo que ele só tenha tomado posse como parlamentar depois”, explica o deputado federal Tarcísio Motta, que está liderando o pedido.
Motta, porém, lembra que durante as buscas da PF, na semana passada, foi encontrado um computador da Abin ainda em posse de Ramagem. “A presença do computador é um elemento a mais”, afirma.
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