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Ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem presta depoimento na quarta-feira (17) à Polícia Federal sobre investigação que apura esquema de espionagem ilegal praticada durante o governo Jair Bolsonaro.

Ramagem era o responsável por comandar a estrutura paralela montada dentro da Abin para monitorar e produzir dossiês contra adversários do ex-presidente Jair Bolsonaro, entre eles ministros do Supremo Tribunal Federal, parlamentares, jornalistas e servidores públicos.

O deputado federal deve ser ouvido pela primeira vez nas investigações sobre Abin paralela na tarde da quarta-feira (17) na superintendência da PF no Rio de Janeiro. Ramagem está no Rio em atividades pré-candidatura à prefeitura do Rio de Janeiro.

Em texto publicado na rede X, Ramagem negou as irregularidades e afirmou que a última operação da PF “despreza os fins de uma investigação” e busca “apenas levar à imprensa ilações e rasas conjecturas”.

“Trazem lista de autoridades judiciais e legislativas para criar alvoroço. Dizem monitoradas, mas na verdade não. Não se encontram em first mile [em referência ao programa First Mile, usado para monitorar a geolocalização adversários do governo] interceptação alguma. Estão em conversas de WhatsApp, informações alheias, impressões pessoais de outros investigados, mas nunca em relatório oficial contrário à legalidade”, escreveu ele.

Ramagem deve ser perguntado pela PF sobre o material apreendido em seus endereços em janeiro deste ano, quando ele foi alvo de um mandado de busca e apreensão autorizado pelo ministro Alexandre Moraes, do STF. Entre os arquivos, há rascunhos feitos pelo deputado federal intitulados “presidente” e “presidente 2”, além de um relatório com informações de uma operação da Abin.

Documentos apreendidos com Ramagem

Em um dos documentos, há anotações do tipo: “Fora isso, a PF tem que dar andamento aos trabalhos de desvio de fundo eleitoral do PSC, lavagem nas empresas e corrupção administrativa e policial.” Em outro, há o registro de que é preciso “contestar juridicamente a imputação de peculato, desestruturar teoria de domínio do fato do Flávio como suposto mentor de esquema”.

A PF interceptou ainda conversas entre um militar e um policial federal cedidos à Abin, dizendo que recebiam ordens do “mestre” e “chefe” para achar “podres” sobre parlamentares desafetos do governo Bolsonaro. O relatório da PF  atribui a Ramagem determinação para agentes da Abin procurarem “podres”, “dívidas tributárias”, “ver redes sociais de esposa” de servidores da Receita envolvidos na investigação da chamada “rachadinha” que mirava o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

A PF também encontrou gravação de uma reunião no Palácio do Planalto que mostra ele e o ex-presidente Jair Bolsonaro discutindo estratégias para anular o processo contra Flávio Bolsonaro, nos aparelhos celulares apreendidos na operação.

Em suas redes sociais, Ramagem afirmou que a captação do áudio foi autorizada por Bolsonaro e que o arquivo “só reforça defesa do devido processo, apuração administrativa, providência prevista em lei para qualquer caso de desvio de conduta funcional”.

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