Daqui a alguns anos, olharemos para 2025 com saudades, sentindo nostalgia de um tempo em que a inteligência artificial ainda não dominava todas as interações humanas. Hoje nos queixamos das redes sociais, dos seus conteúdos superficiais, da polarização e talvez, em breve, sintamos falta dessa internet caótica e, ainda assim, essencialmente humana.
Estamos vivenciando o fim de uma era. A Geração X viveu os últimos anos antes da internet dominar o cotidiano, uma infância sem telas e desconectada. Só que ninguém sabia que estava se despedindo de um época, simplesmente porque ninguém sabia o que vinha pela frente. Dessa vez, estamos mais conscientes da transformação em curso. A novidade não é a mudança em si – o mundo sempre muda – mas a velocidade e profundidade com que a inteligência artificial está remodelando tudo.
A Geração X cresceu sem internet, sem perceber que eram os últimos a viver aquela experiência. Enquanto brincava na rua, também dava adeus a uma forma de interação infantil que logo seria transformada por conexões digitais. Hoje observamos em tempo real o avanço da IA generativa, dos agentes autônomos e das interfaces invisíveis. Estamos vivenciando e percebendo as mudanças em larga escala.
Em algum momento da sua vida, você fez uma coisa que ama pela última vez sem saber que era a última. Pode ser jogar um videogame, encontrar certos amigos ou visitar um lugar especial. Quase nunca sabemos quando é a última vez. Podemos estar vivendo os últimos dias em que consumimos majoritariamente conteúdo criado por humanos ou em que interagimos diretamente uns com os outros sem a mediação de algoritmos avançados. Só vamos saber mais pra frente.
Enquanto a maioria de nós é empurrada para um futuro de automação, algumas das pessoas mais ricas do mundo estão correndo na direção oposta. Em Los Angeles, bilionários estão gastando fortunas para “desplugar” suas mansões. Chamadas de “dumb homes” (casas burras, em oposição às casas inteligentes), essas residências substituem a automação por controles manuais, trocam telas por livros físicos e valorizam experiências tangíveis. O luxo no futuro será poder pagar por interações humanas e para escapar da tecnologia onipresente.
Mesmos fundadores de Big Tech limitam o acesso de seus filhos à tecnologia que criaram. Isso quer dizer alguma coisa. De Steve Jobs a Mark Zuckerberg, muitos restringem o tempo de tela de seus filhos ou escolhem escolas que priorizam experiências analógicas. Eles sabem algo que estamos começando a intuir: nem todo avanço tecnológico representa um avanço em qualidade de vida.
O desafio que temos pela frente não é resistir à tecnologia e sim aprender a preservar o que há de valioso em nossas interações humanas. Se o futuro será dominado por super inteligências, cabe a nós decidir os limites e valorizar o que nos torna humanos. Esse mundo imperfeito em breve pode se tornar um objeto de nostalgia.
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