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Vivian Mesquita

Apresentadora, Repórter e Editora Chefe Executiva com passagens pela Editora Abril, Rede Globo e Canais ESPN Disney. Especialista em esportes de ação em mercado mundial. Profissional com formação consolidada na área de mídia e conteúdo esportivo, com mais de 20 anos de experiência em TV. Relacionamento sólido com a comunidade criativa local, produtoras, talentos, atletas, marcas e mídia. Habilidades em gestão de equipes, processos organizacionais e comunicação. Apresentadora do ICL Notícias - 1ª Edição.

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Sinto muito!

A água ainda não baixou, a dimensão da destruição está escondida sob a lama
14/05/2024 | 07h00

“Nada do que é humano me é estranho”, a frase é do dramaturgo e poeta romano Publio Terêncio Afro. Se algo afeta ao outro, me afeta também. Eu sou da turma que acreditava que o pós-pandemia seria uma fenda no tempo e que do outro lado, encontraríamos um mundo mais humano. Durou pouco.

Sou otimista por natureza. Me é natural olhar o copo mais cheio que vazio. Não estudo o comportamento humano para fazer alguma afirmação científica, aqui falo das minhas sensações e experiências, alerto. Ando desanimada.

O Rio Grande do Sul enfrenta uma das maiores tragédias brasileiras, mais de 2 milhões de pessoas foram atingidas por enchentes que afundaram cidades. Até o começo dessa semana, 147 vidas foram perdidas.

Há mais de 125 desaparecidos e os números não param de aumentar. A água ainda não baixou, a dimensão da destruição está escondida sob a lama.

Na semana passada chegaram a público denúncias de estupro e abuso sexual contra meninas e mulheres atacadas nos banheiros dos abrigos improvisados para receber os desabrigados. Seis homens foram presos.

Há ainda uma centena de mulheres, por absoluta falta de opção, convivendo, também em abrigos, com seus abusadores, apesar de medidas protetivas prévias. Elas não têm outro lugar aonde ir.

Não, a água não leva o “pior” do humano, assim como a Covid também não levou e nem a guerra! Soldados israelenses tripudiavam em cima de túmulos palestinos, lembram disso?

Eu tenho medo de conhecer gente nova. Sinto uma certa segurança no círculo de pessoas do meu convívio, mas ando com medo de desconhecidos pela primeira vez. Eu também já pensei que era livre, mas como mulher, não sou, não somos.

Meu ofício é contar histórias, e sempre há belas jornadas que nos fortalecem quando são contadas. Ali mesmo, no Rio Grande do Sul, há incontáveis exemplos de humanidade que estamos testemunhando todos os dias. Mas por hoje, o cenário desolador, o trauma e o futuro incerto que aguardam os sobreviventes quando a água baixar, abalaram a minha esperança. Eu sinto muito.

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