O Sleeping Giants Brasil (SGBR) emitiu, na terça-feira (23) uma notificação extrajudicial às principais plataformas que atuam no Brasil. Por isso, Google, Meta, Tiktok e seus investidores, Blackrock Inc. e Vanguard, receberam a notificação da organização que pede alterações na segurança e transparência, destacando a responsabilidade dos investidores em assegurar que suas empresas investidas sigam as práticas de ESG e respeitem a legislação brasileira.
Prestes a começar oficialmente a corrida eleitoral municipal no Brasil, a notificação inclui o pedido de mapeamento, transparência e política de segurança para anúncio com conteúdo político no Brasil, assim como adotada na Europa, para o Google e o Youtube; a habilitação de filtros de segmentação para usuários brasileiros nas plataformas de anúncio para o Facebook, Instagram e WhatsApp, e ferramenta de transparência de anúncio para o Tiktok.
Além disso, a organização pede que o acesso de dados das plataformas para pesquisadores das universidades brasileiras seja equivalente ao disponibilizado aos pesquisadores das universidades da Europa e Estados Unidos, a fim de promover uma equidade maior entre os países do norte e sul global.
“É escandaloso que as plataformas possuam sistemas de transparência e segurança desenvolvidos e disponíveis para o norte global, mas que se recusem a oferecer esses sistemas ao Brasil, um dos maiores mercados de consumo dessas empresas”, criticou ao ICL Notícias Humberto Ribeiro, co-fundador e diretor jurídico do Sleeping Giants.
“A transparência de anúncios, por exemplo, permite que a sociedade consiga fiscalizar o investimento de recursos públicos do fundo eleitoral em possíveis campanhas ilícitas”, explica. “Nos Estados Unidos, a publicidade digital já foi utilizada para como instrumento para a supressão de eleitores, com o microdirecionamento de publicidade para grupos específicos, como eleitores negros e latinos, com informações erradas a respeito da forma, do horário e do local de votação, de maneira a diminuir a participação desses grupos no pleito. Na Índia, as plataformas realizavam preços diferentes para diferentes partidos políticos, cobrando menos para um grupo político em detrimento do outro”.
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Humberto Ribeiro
Humberto lembra que no Brasil, em 2022, a publicidade digital foi utilizada como mecanismo para o impulsionamento de conteúdos desinformativos a respeito da segurança e higidez do processo eleitoral e das urnas eletrônicas, produzindo desconfiança no eleitorado a respeito do resultado do processo eleitoral, o que colaborou para os atos antidemocráticos de 8 de janeiro.
“Todas essas situações permanecerão ocultas e serão dificilmente identificadas se as plataformas não oferecerem ao Brasil ferramentas de transparência em funcionamento durante o processo eleitoral”, diz ele.
O documento ressalta, ainda, que a Blackrock Inc. e Vanguard devem exercer sua influência conforme seus compromissos de stewardship de investimento e normas internacionais de conduta responsável. As plataformas digitais mencionadas têm negligenciado o Brasil em medidas de transparência e segurança, criando práticas discriminatórias que ameaçam a confiança no mercado digital, a democracia e o acesso à informação.
O SGBR solicita que a Blackrock Inc. e Vanguard considerem desinvestir das empresas citadas caso as medidas propostas não sejam adotadas, reforçando seu compromisso com as boas práticas empresariais.
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