Nas privatizações — ou concessões por infinitos 30 anos — de São Paulo, a martelada tem sido na cabeça dos moradores da cidade.
A martelada, como na cena famosa do governador Tarcísio de Freitas quebrando tudo no leilão do Rodoanel, tem causado um pesadelo na vida de quem precisa dos serviços essenciais na Pauliceia.
A cartunista Laerte sintetizou, como ninguém, o efeito da fúria privatizante do gestor bolsonarista em uma charge da Folha nesta semana. Vale conferir.
No escuro com a Enel, empresa italiana que atua desde 2018 na capital, o habitante de SP sente o efeito da martelada também no metrô.
Um trem da linha 9-Esmeralda pegou fogo nesta terça (11), na estação Granja Julieta. Pânico generalizado. Esse ramal, sob administração privada da Via Mobilidade, é o campeão de transtornos na região metropolitana.
Até na hora da morte, o eco da martelada constrange o morador de São Paulo. O prefeito Ricardo Nunes, candidato à reeleição pelo MDB, seguiu a cartilha privatista do aliado João Dória (PSDB) e passou a empresas os serviços funerários.
Em pouco mais de um ano, em valores do início de 2024, o preço para sepultar uma pessoa em SP ficou 11 vezes mais caro. A opção mais econômica não sai por menos de R$ 3.250. Antes da decisão de Nunes, custava R$ 289,35, segundo reportagem do Brasil de Fato.
O prefeito nunca escondeu a sua devoção em entregar tudo que for possível, entre serviços e parques paulistanos, à iniciativa privada.
O candidato Guilherme Boulos (PSOL), adversário de Nunes no segundo turno, prometeu rever o contrato do município. “A concessão dos cemitérios é uma tragédia. Virou um mercado da morte”, definiu.
Seja por iniciativa do prefeito ou do governador paulista, a martelada não tem dado sossego na maior cidade do país. Não perdoa nem os mortos.
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