Por Herculano Barreto Filho
(UOL/Folhapress) — O STF estabeleceu, a partir desta quinta-feira (21), prazo de cinco dias para que o governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) explique como estão os testes para que as novas câmeras corporais da PM de São Paulo sejam acionadas automaticamente após detectar o som de tiros. Decisão ocorre um dia após um policial militar matar a tiro um estudante de Medicina na capital. As câmeras corporais estavam desligadas.
Novas câmeras corporais contam com software que permitirá a gravação automática de imagens. Contudo, o STF quer saber como estão os testes de acionamento automático após som de tiros ou quando a PM estiver a uma distância de 50 metros do local da ocorrência. O equipamento desativado também passará a gravar as imagens automaticamente se os agentes ainda estiverem em atendimento.
Supremo também solicitou ao governo de SP a íntegra do contrato para o fornecimento das câmeras corporais. No pedido, o órgão pede ainda acesso ao cronograma detalhado de execução do contrato, incluindo testes, treinamento e capacitação para uso dos novos equipamentos, em substituição às câmeras acopladas junto às fardas dos agentes.
Em setembro, a PM paulista adquiriu 12 mil novas câmeras corporais. O equipamento, fornecido pela Motorola Solutions Ltda. por meio de licitação, permite o registro de forma intencional, em contrato assinado pelo governo de São Paulo com valor mensal de R$ 4,3 milhões por duração de 30 meses.
O UOL solicitou posicionamento à SSP-SP (Secretaria da Segurança Pública de São Paulo) sobre o pedido, mas ainda não obteve resposta. Assim que houver uma manifestação, ela será incluída nesta reportagem.
“As informações prestadas, contudo, são insuficientes para o adequado monitoramento dos compromissos assumidos (…). Essas informações deverão ser atualizadas sempre que necessário, no prazo de 5 (cinco) dias”, diz trecho de despacho assinado por Luís Roberto Barroso, ministro do STF.
Estudante de medicina foi morto por PM
Um policial militar matou um homem com um tiro à queima-roupa em um hotel na zona sul de São Paulo na madrugada desta quarta (20). Os policiais envolvidos no caso foram afastados, informou a SSP (Secretaria de Segurança Pública).

Marco Aurélio Cardenas Acosta, de 22 anos, foi morto pela Polícia Militar de São Paulo (Foto: Reprodução)
Os policiais chegaram ao local e viram o estudante “bastante alterado” e agressivo, segundo o boletim de ocorrência. Ele chegou a ir para cima dos policiais, ainda de acordo com a SSP.
Em certo momento, ele teria tentado pegar a arma de fogo de um dos policiais, ocasionando no disparo. O resgate foi acionado e o estudante foi levado ao Hospital Ipiranga, mas morreu. Imagens das câmeras de segurança do hotel não mostram o estudante tentando pegar armas dos agentes.
A morte foi registrada como decorrente de intervenção policial. O agente que atirou no jovem teve sua arma apreendida.
O pai do estudante morto fala em covardia. Os policiais deveriam ter um treinamento sobre onde [o tiro] é fatal, onde o tiro é para neutralizar. Sem contar que ele estava sem camisa, não tinha nada. Você vê que foi a maior covardia. Eu sinto dor, mas também sinto raiva”, disse Júlio Cesar Acosta à TV Globo.
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