A democracia não é um regime político fácil de ser administrado. Em sua concepção ideal, permite espaço para discussão e contestação a todos os grupos sociais, inclusive as minorias. O processo democrático exige dos governantes que sustentem sua autoridade na capacidade de negociação, na qualidade da argumentação, na compreensão dos opostos.
Em suma, a democracia requer coragem dos que a manejam.
A beleza desse tipo de regime resulta justamente do embate respeitoso entre os que pensam diferente. A imposição de padrões de um grupo sobre o outro é o oposto do processo civilizatório. Para um verdadeiro democrata, a diversidade é um valor a ser cultivado.
Personalidades inseguras tremem diante das contestações, amarelam quando exigidas a mostrar suas alegações, sentem-se ameaçadas quando desobedecidas.
Alguns desses espécimes reconhecem sua incapacidade e desistem da política.
Os mais covardes, porém, querem fazer valer seu pensamento a qualquer custo. Até mesmo pelo uso da força.
Está aí a gênese do golpismo.
Confrontado em suas convicções e sem estofo para conseguir o respeito dos diversos grupos políticos, o golpista busca a supremacia pelas armas, pelos exércitos, pelas milícias.
O que ele alardeia como bravura, nada mais é do que falta de grandeza para assimilar contrariedades.
Recorre à força para tentar amenizar a própria insegurança.
Ou seja: todo o golpista é um covarde.
Isso vale para os mais variados adeptos de golpismo, inclusive para os que estão em destaque no noticiário brasileiro desde ontem.
A cada rosnado, Jair Bolsonaro, Braga Netto, Augusto Heleno e vários outros golpistas — incluindo Hamilton Mourão — não emitem sinais de grandeza, como imaginam.
Na verdade, é o contrário.
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