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Mesmo com tragédia no Rio Grande do Sul, grande mídia não dá trégua sobre questão fiscal. Economistas do ICL comentam

"Vocês estão preocupados com déficit e superávit fiscal em um país que imprime a própria moeda!", disse o economista do ICL André Campedelli. Presidente Lula também se manifesta sobre o assunto.
07/05/2024 | 15h49

Diante de uma das maiores tragédias humanitárias vividas no Brasil, como a que estamos acompanhando no Rio Grande do Sul, causa espécie ler na grande mídia notícias de que o mercado financeiro está preocupado com a situação fiscal do país, diante das ações do governo para agilizar a liberação de recursos para auxiliar as tantas vítimas da catástrofe climática que provocou uma tragédia no RS.

Na edição de ontem (6) do ICL Mercado e Investimentos, os economistas e apresentadores do programa, Deborah Magagna e André Campedelli, expressaram indignação diante de enorme descalabro da grande mídia porta-voz do mercado financeiro, que cobra do governo austeridade e “responsabilidade” em um momento de tamanha comoção nacional.

Campedelli lembrou, por exemplo, que o momento não é de se preocupar com superávit fiscal. “Eu espero que esse tema de risco fiscal e tudo mais saia um pouco da pauta porque a gente vai precisar gastar agora. Mais do que nunca, agora não tem que pensar em risco fiscal, não tem que pensar em fechar conta justamente porque a gente tem que reconstruir um estado inteiro, que é o Rio Grande do Sul”, disse ele.

Na edição de hoje do programa diário veiculado no canal do ICL Notícias no Youtube, os dois voltaram a abordar o assunto, pois a mídia não da trégua.

Uma das notícias comentadas saiu no jornal O Estado de S.Paulo, em que a colunista, embora reconheça o tamanho da tragédia, diz que “não é hora de populismo fiscal”.

“É um absurdo que a gente tenha que ler o que a gente está ouvindo [na grande mídia]. Tem que salvar como, gente? De onde que vai sair esse dinheiro? Vai ter que esperar ajuda divina? (…) As pessoas estão morrendo, estão passando fome, estão perdendo seus animais, seus parentes, suas casas. Estão perdendo tudo!”, indignou-se Campedelli.

“Vocês estão preocupados com déficit e superávit fiscal em um país que imprime a própria moeda!”, lembrou.

Deborah Magagna, por sua vez, comentou que “falta humanidade em uma pessoa que, diante de uma catástrofe, passe a olhar para impacto fiscal”.

Presidente Lula se diz “irritado” com cobrança sobre meta fiscal

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também reclamou hoje, em entrevista ao programa Bom dia, Presidente, da EBC, veiculado nesta manhã (7), da cobrança em relação à meta fiscal zero para as contas públicas.

Ao lado dos ministros Rui Costa (Casa Civil) e Paulo Pimenta (Secom), Lula disse que fica “irritado”. “Às vezes, eu fico um pouco irritado com esse negócio de déficit fiscal, se vai ser zero, se não vai ser zero. Isso é uma discussão que em nenhum país do mundo se faz”, declarou.

Lula falou que o déficit fiscal “não é o problema” e que é necessário diferenciar gastos de investimentos. O presidente disse que, nos seus governos anteriores, deu “lições de responsabilidade”.

“Ninguém me fale em responsabilidade fiscal. Eu não vou gastar nunca mais do que preciso gastar”, afirmou. “Ora, se o governo tiver de gastar dinheiro para fazer um ativo novo, alguma coisa nova, que aumenta o patrimônio do país, qual é o problema? Nenhum.”

Lula disse ainda considerar a discussão sobre déficit fiscal como “inócua”. “Não posso ficar olhando só déficit fiscal e não olhar déficit social”, disse.

 

Assista à íntegra dos comentários dos economistas do ICL Deborah Magagna e André Campedelli no vídeo abaixo:

 

Redação ICL Economia
Com informações do ICL Mercado e Investimentos e Estadão

 

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