Representantes da Articulação Internacional dos Atingidos e Atingidas pela Vale do Rio Doce vão questionar as indenizações pagas pela empresa pelo rompimento da barragem em Brumadinho Minas Gerais. A manifestação acontecerá durante a assembleia-geral que será realizada nesta sexta-feira (26).
Segundo a entidade, de 2021 a 2023, a empresa gastou R$ 73,5 bilhões para beneficiar seus acionistas com a recompra de ações, numa manobra para recompor o valor das ações em queda na Bolsa.
A entidade afirma que o montante é quase o dobro do valor total determinado pela Justiça para indenizar as famílias afetadas pela tragédia e para recuperar o meio ambiente.
Vale: acordo
O acordo judicial de reparação da tragédia de Brumadinho foi calculado em R$ 37 bilhões. Deste total, foram executados, até agora, R$ 26,4 bilhões, o que equivale a 68% do acordo. Faltam ainda R$ 11,13 bilhões.
Os acionistas críticos apontam outras questões pendentes em relação à região de Brumadinho, onde está localizado o Quadrilátero Ferrífero-Aquífero (QFA).
Na área, estão instaladas seis barragens de rejeito ao nível de emergência e 18 em condição de estabilidade negativa. Eles reclamam da falta de transparência em relação ao risco de contaminação das águas subterrâneas que abastecem as comunidades de Tejuco, Córrego do Feijão e a cidade vizinha, Mário Campos, onde vivem ao todo cerca de 5 milhões de pessoas.
“As comunidades e outras partes interessadas estão se manifestando sobre os contínuos impactos sociais e ambientais da Vale, destacando as contradições entre a narrativa criada pela empresa para os investidores e a realidade no local. Os investidores devem ir além dos relatórios da Vale para ter uma visão completa, e devem tomar medidas para responsabilizar a empresa pelos danos passados e atuais”, disse Fernanda Martins, secretária-executiva da Articulação Internacional dos Atingidos e Atingidas pela Vale.
Assembleia
Na assembleia, os acionistas críticos repetirão, no documento do voto, a pergunta que fazem para a empresa desde 2020 sobre o plano de fechamento do Complexo Paraopeba.
“A Vale pretende ainda voltar a operar em Brumadinho, no mesmo lugar da tragédia, mesmo depois de tudo o que aconteceu?”, questinaram os acionistas.
Acidentes
Outra questão levantada pelos acionistas diz respeito aos acidentes. Segundo a Vale, 105 pessoas das comunidades afetadas por operações da empresa sofreram acidentes no ano passado, que resultaram em 11 mortes.
A empresa informa que os índices cresceram 18% de 2022 para 2023, considerando lesões fatais e não fatais.
No entanto, a empresa não aponta no relatório o modo como são feitas essas apurações, quais medidas para evitar acidentes e de que modo a empresa tem reportado os casos para as agências reguladoras, como à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
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