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Vírus Marburg deixa em alerta autoridades de saúde após surto em Ruanda

Risco global é baixo, segundo OMS; da mesma família do ebola, letalidade é de 50%
03/10/2024 | 22h00

(Folhapress) — Uma plataforma da estação central de Hamburgo, na Alemanha, foi isolada na quarta-feira (2) após a suspeita de que um passageiro de trem estivesse infectado com o vírus Marburg.

O homem e a namorada viajavam em um trem de alta velocidade em direção a Frankfurt vindos de Ruanda, país que registra 36 casos e onze mortes. Entre os casos confirmados, mais de 70% são em profissionais de saúde de dois estabelecimentos de saúde na capital Kigali, embora casos tenham sido relatados em sete dos 30 distritos do país.

Desde então, a OMS (Organização Mundial de Saúde) avalia o risco do surto como muito alto a nível nacional, alto a nível regional e baixo a nível global. É a primeira vez que a doença é identificada na Ruanda.

O que é o vírus Marburg?

Imagem de microscópio do vírus Marburg (Foto: CDC/dpa/picture alliance)

O vírus foi identificado pela primeira vez em 1967, primeiro em Marburg e Frankfurt, na Alemanha, e depois na Sérvia, após um trabalho de laboratório com macacos verdes de Uganda. Desde então, foram registrados surtos e casos esporádicos em Angola, República Democrática do Congo, Quênia, África do Sul e Uganda.

O Marburg pode ser transmitido por exposição a morcegos frugívoros e entre pessoas por meio de fluidos corporais advindos de relações sexuais desprotegidas e feridas na pele.

Da mesma família do ebola, o vírus causa febre hemorrágica e tem uma taxa média de letalidade de 50%, de acordo com a OMS, embora as taxas já tenham chegado a 88% em surtos anteriores. Os sintomas geralmente incluem febre alta repentina e dor de cabeça extrema, além de vômitos e diarreia, seguidos por sangramento.

Há vacina?

Embora ainda não haja vacina ou tratamentos aprovados, o Instituto de Vacinas Sabin e Iniciativa Internacional de Vacinas contra a Aids (Iavi, n sigla em inglês) estão trabalhando com autoridades de Ruanda sobre o surto.

A equipe que desenvolveu a vacina AstraZeneca para covid na Universidade de Oxford também iniciou um teste para a doença no Reino Unido.

A preocupação de Ruanda ainda é que, além de se espalhar em instalações de saúde, a doença se espalhe durante funerais de pessoas mortas pela doença. Autoridades de saúde ao redor do mundo estão em alerta para a disseminação para países vizinhos.

Marburg avança nos últimos anos

Em 2021, a Guiné relatou o primeiro caso da doença na África Ocidental. No ano seguinte, Gana declarou seu primeiro surto, e Tanzânia e Guiné Equatorial fizeram o mesmo em 2023. Os surtos pequenos foram controlados com medidas de saúde pública.

No entanto, cientistas afirmam que a maior frequência dos surtos parece estar ligada a intervenção humana nos habitats animais. O surto em Ruanda já é um dos maiores já registrados.

O vírus matou mais de 200 pessoas em Angola em 2005, o surto mais mortal já registrado, segundo a OMS.

 

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