“Quando rejeitamos a história única, quando percebemos que nunca existe uma história única sobre lugar nenhum, reavemos uma espécie de paraíso” (Chimamanda Ngozi Adichie)

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A citação acima, da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, nos fala sobre a necessidade de darmos visibilidade a “outras” narrativas e experiências históricas ou, por assim dizer, as narrativas e experiências históricas não dominantes.
Durante anos a máscara colonial, construída pelo colonialismo europeu, silenciou as histórias e memórias coletivas dos povos negros escravizados e colonizados por meio de uma narrativa única, que buscou objetificar e coisificar as culturas e sociedades que, na visão do “colonizadores”, eram narrados e apresentados como o/a outro/a/e.
A possibilidade de escrever e reescrever a história dos povos negros no Brasil, alicerçada pelas interfaces das histórias das Áfricas, não é algo recente. É possível perceber, por exemplo, que o número de pesquisas e estudos sobre região da Pequena África começou a ganhar um peso principalmente nos centros de pesquisas e ensino superior.
A região do Rio de Janeiro que é conhecida como a Pequena África abrange o território da zona portuária e os bairros da Praça Onze e Estácio, que foram locais de desembarque de africanos escravizados no Brasil. Ocupada por uma população majoritariamente negra no passado e no presente, a região representa um dos mais importantes legados da cultura negra no país.
Uma narrativa buscou ser a linha de condução das trajetórias das pessoas que vivem e sobrevivem na região, instituições, organizações, agentes culturais que durante décadas foram os “guardiões” da cultura local.
Compreendendo as necessidades do fortalecimento da cultura, da educação antirracistas, do turismo e do empreendedorismo, a iniciativa Viva Pequena África, que tem como consórcio o Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP), Diáspora Black e o Instituto Feira Preta, busca promover o desenvolvimento sustentável e integrar a comunidade local em uma rede de colaboração.

(Imagem: reprodução)
A iniciativa, fruto das ações do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES), da Ford Foundation, da Open Society Foundations, Ibirapitanga e Instituto Itaú, se propõe a atingir uma série de objetivos estratégicos, centrados na preservação cultural, no fomento ao desenvolvimento das organizações negras locais e na promoção de narrativas que impulsionam o empoderamento cultural e o conhecimento da região.
Algo que podemos chamar de “reescrita da história”, uma vez que os agentes sociais, culturais e empreendedores do território, selecionados via edital de fomento que será lançado nesta segunda-feira (5), vão ter a oportunidade de evidenciar suas ações, promoções e salvaguarda da história, da memória e do patrimônio da região da Pequena África.
Saliento, que a ação de incentivo às instituições é uma importante janela para que outras organizações, nacionais e internacionais, possam conhecer e apoiar a iniciativa Viva a Pequena África e outras ações voltadas para a valorização dos territórios e lugares de memórias no Brasil.
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