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Adeus, Ziraldo: morre o genial cartunista e escritor, aos 91 anos

Criou, em 1980, "O Menino Maluquinho", personagem infantil que se tornou um ícone cultural para as crianças
6 de abril de 2024

Por Igor Mello*

Morreu hoje no Rio de Janeiro, aos 91 anos, Ziraldo Alves Pinto, conhecido internacionalmente como Ziraldo. Escritor, cartunista, artista plástico e jornalista, ele era um dos maiores nomes da literatura infanto-juvenil brasileira.

A causa da morte foi falência múltipla dos órgãos, conforme confirmou Daniela Thomas, filha do artista. Nos últimos anos, Ziraldo havia sofrido três AVCs. Segundo comunicado divulgado pela família, ele será velado neste domingo (7), a partir das 10h, na sede da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), no Centro do Rio. O sepultamento ocorrerá na parte da tarde, às 16h30, no Cemitério São João Batista, em Botafogo, Zona Sul.

Em sua extensa lista de realizações, Ziraldo criou, em 1980, “O Menino Maluquinho”, personagem infantil que se tornou um ícone cultural para as crianças brasileiras de várias gerações. A criação deixou as páginas dos livros e virou história em quadrinhos, peças de teatro, desenho animado, filmes e séries de TV, entre outras adaptações.

Ainda no campo da literatura infanto-juvenil, Ziraldo deixou outra marca com a criação da Turma do Pererê, série de histórias em quadrinho que lançou em 1960. Outro grande sucesso do escritor foi “Flicts”, seu primeiro livro infantil, de 1969.

Assim como o “O Menino Maluquinho”, “Flicts” recebeu diversas adaptações, indo do teatro de fantoches a um jogo eletrônico em cinco idiomas.

Ziraldo

O artista Ziraldo visita seu mural gigante “Última Ceia”, pintado em 1967, que estava encoberto na antiga casa de show Canecão e será restaurado pela UFRJ e aberto ao público em abril. Foto: Fernando Frazão/ Agência Brasil

Ziraldo: Militância política e jornalismo

Intelectual de esquerda, Ziraldo retratou em seus cartuns parte da história do Brasil.

Ziraldo começou sua carreira como cartunista no jornal Folha da Manhã (que hoje é a Folha de S. Paulo), em 1954. Trabalhou também na revista O Cruzeiro e, depois, no Jornal do Brasil e no Jornal dos Sports. Sua contribuição mais marcante ao jornalismo brasileiro, contudo, veio logo após a decretação do AI-5: foi um dos fundadores e posteriormente diretor de redação do semanário O Pasquim.

Produzido de maneira independente, O Pasquim conseguiu furar a censura oficial do regime e, com humor, deu voz a políticos, ativistas e artistas de expressão nacional.

Ziraldo fez parte do PCB (Partido Comunista Brasileiro) ao lado de amigos como Oscar Niemeyer. Em 2005, se filiou ao PSOL, tendo sido o criador de seu símbolo: um sol estilizado nas cores amarelo e laranja.

*Com Folhapress

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