A coluna apurou que a Polícia Federal analisa a possibilidade de chamar o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), o tenente-coronel Mauro Cid, para esclarecer o conteúdo de áudios divulgados pela revista Veja na noite de quinta-feira (21).
Nas gravações, ele afirma que os investigadores já teriam uma “narrativa pronta” e que teria sido obrigado a dizer coisas que não aconteceram. O oficial também fez críticas ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, que homologou sua delação.
A coluna apurou que a PF começou a discutir uma nova convocação assim que tomou conhecimento das gravações. Cid fez os relatos a amigos após o longo depoimento prestado na semana passada.
Na avaliação dos policiais, porém, o conteúdo das gravações de Cid tem potencial apenas para prejudicá-lo já que, por lei, caso o colaborador minta ou omita ele pode perder os benefícios da delação. As informações prestadas pelo réu colaborador podem continuar a ser utilizadas na investigação.
A PF observa que o principal inquérito em andamento, que trata sobre a tentativa de golpe de estado, já possui um conjunto probatório de documentos e depoimentos com qualidade superior ao que foi revelado por Cid nos depoimentos.
Mais do que o relato de Cid, a PF possui os depoimentos dos comandantes militares detalhando as reuniões com o ex-presidente Jair Bolsonaro e a cúpula do governo anterior, além de uma grande quantidade de documentação e dados de celulares e computadores corroborando os planos golpistas.
O advogado Cezar Bitencourt enviou nota informando que os áudios são clandestinos e que “não passaram de um momento de desabafo”.
Nota da defesa de Mauro Cid
A defesa de Mauro César Barbosa Cid, em razão da matéria veiculada pela revista Veja, nesta data, vem a público afirmar que: Mauro César Babosa Cid em nenhum momento coloca em xeque a independência, funcionalidade e honestidade da Polícia Federal, da Procuradoria-Geral da República ou do Supremo Tribunal Federal na condução dos inquéritos em que é investigado e colaborador, aliás, seus defensores não subscrevem o conteúdo de seus áudios. Referidos áudios divulgados pela revista Veja, ao que parecem clandestinos, não passam de um desabafo em que relata o difícil momento e a angústia pessoal, familiar e profissional pelos quais está passando, advindos da investigação e dos efeitos que ela produz perante a sociedade, familiares e colegas de farda, mas que, de forma alguma, comprometem a lisura, seriedade e correção dos termos de sua colaboração premiada firmada perante a autoridade policial, na presença de seus defensores constituídos e devidamente homologada pelo Supremo Tribunal Federal nos estritos termos da legalidade.
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