Com Igor Mello
O ex-PM Ronnie Lessa afirmou em acordo de colaboração premiada com a Polícia Federal que o chefe de Polícia Civil do Rio de Janeiro na época do crime, Rivaldo Barbosa, ajudou a planejar o assassinato da vereadora. A coluna apurou que, antes do assassinato, ele teria dado direções aos executores e até garantiu que ficariam impunes.
Neste domingo, a operação conjunta da PF, da Procuradoria Geral da República e do Ministério Público do Rio de Janeiro prendeu Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Chiquinho Brazão, deputado federal do Rio de Janeiro, e Rivaldo Barbosa, ex-chefe de Polícia Civil do Rio. Rivaldo foi acusado como coator do assassinato.
Rivaldo Barbosa assumiu a Chefia da Polícia Civil um dia antes do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, em 13 de março de 2018. Ele foi nomeado para o cargo pela cúpula da Intervenção Federal na segurança pública do Rio de Janeiro, comandada então pelo general Walter Braga Netto.
O nome de Rivaldo Barbosa aparece ligado ao caso Marielle desde novembro de 2019, quando um relatório reservado da Polícia Federal, produzido no âmbito da investigação que constatou a tentativa de obstrução do caso, levantou a informação de que o delegado teria recebido R$ 400 mil de propina para prejudicar as investigações.
Além das três prisões, foram expedidos 12 mandados de busca e apreensão na sede da Polícia Civil do Rio e no Tribunal de Contas do Estado. Os agentes apreenderam documentos e levaram eletrônicos para perícia.
Os investigadores ainda trabalham para definir a motivação do crime, mas tudo leva a crer que teve a ver com a expansão territorial da milícia no Rio.
Os investigadores decidiram fazer a operação no início deste domingo para surpreender os suspeitos. Informações da inteligência da polícia indicava que eles já estavam em alerta nos últimos dias, após o Supremo Tribunal Federal (STF) homologar a delação premiada do ex-policial militar Ronnie Lessa.
Ao aceitar o acordo de colaboração com a PF, Lessa apontou quem eram os mandantes e também indicou a motivação do crime.
Lessa está preso desde 2019, sob acusação de ser um dos executores do crime.
Os mandantes, segundo o ex-PM, integram um grupo político poderoso no Rio com vários interesses em diversos setores do Estado. O ex-PM deu detalhes de encontros com eles e indícios sobre as motivações.
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