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Crime organizado no RJ expande seus territórios em 105% nos últimos 16 anos

Mapa dos Grupos Armados mostra que milícias aumentaram áreas em 204% no período, mas hoje o Comando Vermelho é quem mais cresce
15/04/2024 | 07h00

O crime organizado na região metropolitana do Rio de Janeiro cresceu 105,73% nos últimos 16 anos. É o que revela a atualização do Mapa dos Grupos Armados, lançada nesta segunda-feira pelo Instituto Fogo Cruzado e pelo Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos, da Universidade Federal Fluminense (GENI-UFF).

As milícias cresceram 204,6% no período, triplicando seu domínio territorial. Comando Vermelho (CV) e Terceiro Comando Puro (TCP) cresceram respectivamente 89,2% e 79,1%, e a única facção que perdeu poder e espaço foi a Amigos dos Amigos (ADA), com redução de 75,8%.

Houve uma reversão no ano passado, comparado a 2022, em todos os grupos armados, com exceção do CV, que expandiu em 8,4% seus territórios, enquanto as milícias apresentaram redução de 19,3%, o TCP de 13% e a facção ADA perdeu 16,7% de seus domínios.

Crime no RJ: Comando Vermelho expandiu em 8,4% seus territórios em 2023

Crime no RJ: Comando Vermelho expandiu em 8,4% seus territórios em 2023. Foto: Reprodução

Com isso, as milícias, que em 2021 e 2022 eram o grupo armado com o maior domínio territorial, foram ultrapassados pelo CV que, em 2023, concentrou 51,9% dos territórios controlados por grupos armados na região metropolitana do Rio de Janeiro.

Crime organizado: aumento no conflito aberto no Rio de Janeiro, diz pesquisador

O aumento de 105,73% nos últimos 16 anos é impressionante. Ao todo, de 2.565,98 km² de área urbana habitada da região metropolitana do Rio de Janeiro, 18,2% esteve sob o domínio de algum grupo armado em 2023. Em 2008, as áreas dominadas representavam 8,8%.

Para Daniel Hirata, coordenador do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense, “testemunhamos nos últimos anos muitos episódios emblemáticos do conflito entre os grupos armados pelo controle territorial e, agora, vemos como isso tudo faz parte da dinâmica geral do controle de territórios e populações. A expansão do controle territorial se faz de forma muito mais frequente em áreas não controladas anteriormente, mas não é possível ignorar o conflito aberto no Rio de Janeiro”.

Segundo o pesquisador, “sabia-se que o CV estava avançando em áreas das milícias e que isto levaria a intensificação do conflito. Neste ponto, a atuação das autoridades políticas e policiais deixou muito a desejar, seja porque não ofereceu a devida proteção aos moradores dessas áreas, em parte, inclusive, intensificando os conflitos através das operações policiais, mas também porque não atua sob as bases políticas e econômicas desses grupos e nem na lógica do controle territorial armado, que como o caso Marielle mostrou, é o estrutura o poderio desses grupos”.

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