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Por Brasil de Fato

O governo da Argentina, presidido pelo ultraliberal Javier Milei, cancelou na última sexta-feira (3) o sinal do canal multiestatal Telesur veiculado pela Televisão Digital Aberta (TDA) do país.

A emissora foi comunicada pelo interventor Diego Chaher de que terá seu contrato rescindido a partir de 1 de julho, segundo o jornal La Nacion.

“Por este meio formal e no exercício dos poderes de representação legal que me foram conferidos, com o objetivo de exercer o poder previso no artigo 2.2. do Acordo de Colaboração assinado em 20 de novembro de 2020 rescindindo o mesmo em 1 de julho de 2024”, diz o comunicado assinado por Chaher, responsável pelas auditorias de Educ.ar, Télam, Radio e Televisão Argentina e Conteúdos Públicos.

Milei: atentado à informação

Em nota divulgada nesta segunda-feira (6), a Telesur classificou a ação como um “grave atentado ao direito à informação, ao limitar o acesso a vozes dissidentes, restringir a pluralidade informativa e prejudicar a possibilidade de sustentar opiniões informadas e de participar ativamente no debate público”.

No comunicado, a emissora recorda que já havia sido alvo de investidas durante o governo do ex-presidente Maurício Macri, que se tornou o principal aliado de Milei na Argentina, e aponta que a decisão do atual presidente “representa um preocupante retrocesso no caminho para uma sociedade que constrói os seus próprios critérios e um pensamento soberano.”

A decisão de cancelar o canal da Telesur se soma a outras medidas tomadas pelo governo Milei contra a liberdade de imprensa no país, setor que está mobilizado desde o anúncio do fechamento da Télam, agência pública de notícias argentina.

Discurso agressivo contra adversários é uma das marcas do início da era Milei

Em nota, Telesur chama de “grave atentado ao direito à informação” a decisão de Milei. Foto: Reprodução

TV para o Sul Global

Criada em 2005 como um projeto dos ex-presidentes Hugo Chávez, da Venezuela, e Fidel Castro, de Cuba, o propósito da Telesur é difundir assuntos pouco presentes nos grandes conglomerados de comunicação, trabalhando a notícia com um olhar contra-hegemônico.

Com apoio dos governos da Argentina, Venezuela, Nicarágua, Equador, Bolívia e Cuba, a emissora foi fundada com sede principal em Caracas, capital da Venezuela, e mais tarde abriu outra sede em Quito, no Equador.

Com o lema “nosso norte é o sul”, a Telesur prioriza gerar conteúdo sobre os povos do Sul Global. A emissora possui correspondentes em 42 países, com sinal televisivo para 123 países na América Latina e Caribe, Norte da África e Europa ocidental, além de transmissão ao vivo 24 horas por internet, com programação em espanhol, inglês e português.

“Nossa multiplataforma continuará construindo uma sinfonia de vozes através de seus diversos canais e plataformas, conectando os povos na defesa do direito à informação como pilar de sociedades mais livres e justas”, conclui o comunicado da emissora.

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