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Meio Ambiente

CCJ da Câmara aprova PL que permite barramento de cursos d’água em áreas protegidas

Projeto de lei propõe alteração no Código Florestal para incluir obras de irrigação em APPs
15/08/2024 | 13h06

Por Carolina Bataier — Brasil de Fato

A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou na última quarta-feira (14) o projeto de lei que dá importância de utilidade pública para obras de infraestrutura em Áreas de Preservação Permanente (APPs).

Aprovado com 37 votos contra 13, o PL 2168/2021, de autoria do ex-deputado federal e atual presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) José Mario Schreiner (DEM-GO), propõe uma alteração no Código Florestal para liberar estruturas de irrigação nas áreas protegidas, incluindo a permissão para barramento de cursos d’água. Construções para a dessedentação animal – ou seja, alterações no meio ambiente para facilitar aos rebanhos o acesso à água – também estão inclusas na proposta.

 

José Mário Schreiner, ex-deputado e atual presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), é o autor do PL (Foto : Zeca Ribeiro/CâmaradosDeputados)

Ambientalistas criticam PL aprovado na CCJ

Em nota, a entidade ambientalista Observatório do Código Florestal aponta que a medida tem diversos impactos negativos, como a intensificação da escassez hídrica e a perda de solo fértil. Conforme a nota, a vegetação nativa é fundamental para a produtividade no campo, pois tem influência direta na disponibilidade de água. Assim, a mudança na legislação pode resultar, também, em perda de produção agropecuária.

“Mato Grosso do Sul, onde a agropecuária é uma atividade econômica importante, por exemplo, já perdeu 57% da superfície de água nos últimos 30 anos”, informa o Observatório. Corumbá (MS), município com o segundo maior rebanho bovino do país, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é o que mais perdeu superfície de água nos últimos anos, de acordo com dados da plataforma Mapbiomas. “O desmatamento dessas áreas afeta a biodiversidade, a fertilidade do solo, o habitat de polinizadores e de inimigos naturais de pragas das plantações”, reforça a nota.

Agora, os congressistas contrários à medida se articulam para impedir que o projeto siga para o Senado sem antes passar por debate. “Nós certamente vamos colher assinaturas de outros deputados para levar essa matéria para o plenário”, afirmou Chico Alencar (Psol-RJ), que definiu a aprovação como escandalosa. “Nossa expectativa é que movimentos ambientalistas, de luta pela terra, além de órgãos como o Ibama, que deu o seu parecer contrário, consigam reverter esse quadro desastroso”, diz.

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