O candidato do PL à prefeitura de Pelotas (RS), Marciano Perondi (PL), atropelou e matou um idoso no dia 25 de junho deste ano, quando dirigia sua caminhonete Land Rover Discovery a caminho de Porto Alegre, para um encontro com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A vítima, Jairo de Oliveira Camargo, 63 anos, ia de bicicleta para o trabalho e morreu 9 dias depois.
Jairo de Oliveira era funcionário de Sanep, companhia de saneamento de Pelotas. Foi socorrido no local, mas não resistiu. Perondi, que disputa com Fernando Marroni (PT) o segundo turno em Pelotas, não esperou a chegada da polícia e seguiu viagem para Porto Alegre.
Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), Perondi aguardou a chegada de uma equipe da Ecosul, concessionária que administra a rodovia, mas não esperou a viatura da corporação. Questionado, o empresário afirmou que teria sido liberado pela Ecosul. No entanto, a Ecosul não tem permissão para liberar motoristas nesses casos.
Em nota, a empresa afirmou que Perondi seguiu viagem sabendo que deveria esperar a polícia: “O condutor seguiu viagem por conta própria, com o conhecimento que deveria aguardar a equipe da PRF chegar.” Ele só se apresentou a agentes da Polícia Rodoviária Federal em Eldorado do Sul (RS), a cerca de 270 km do local do acidente, sem seu carro.
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul investiga Perondi pela morte do idoso. O caso é apurado pela 3ª Delegacia de Polícia de Pelotas.

O empresário e candidato à prefeitura de Pelotas Marciano Perondi com o ex-presidente Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução redes sociais)
Família de idoso move ação
A família de Jairo move uma ação contra o empresário e candidato à Prefeitura de Pelotas. A ação, que tramita da 5ª Vara Cível de Pelotas, relata que “o réu [Marciano Perondi] começou a procurar os familiares de forma ostensiva, oferecendo auxílio mínimo na tentativa de persuadi-los a não buscar a responsabilidade civil [ou seja, não buscar a Justiça em busca de uma indenização pela perda].”
Ainda de acordo com a defesa, Perondi esteve com a viúva de Jairo e na casa de um irmão da vítima, Carlos Alberto. O idoso ficou muito irritado com a conduta de Perondi, que tratava a situação como um problema a ser resolvido para que a candidatura não fosse atrapalhada pelo atropelamento seguido de morte.
O irmão do morto tentou agredir o candidato e passou mal. Marciano Perondi foi embora e continuou em campanha. Após o ocorrido, Carlos Alberto “sucumbiu ao desânimo e ostracismo”, narra a ação judicial. Em 19 de julho, onze dias após a morte do irmão, ele enviou uma mensagem de áudio à família falando em suicídio. Foi encontrado morto na Praia do Laranjal, no dia 23 de julho.
A defesa da família de Jairo pede indenização pelo fato de a viúva ser dependente econômica do Jairo e também por danos morais pela morte de Jairo e também de seu irmão Carlos Alberto.
“A morte de Jairo e a subsequente perda de Carlos Alberto não apenas abalaram profundamente a estrutura familiar (…). Diante deste cenário, a busca por reparação não se restringe a um simples pedido judicial, mas a um clamor por justiça, visando restaurar, ainda que parcialmente, a dignidade e o equilíbrio emocional abalados pelas perdas sofridas.”
Pela morte dos dois irmãos, a família cobra Perondi na Justiça uma indenização de R$ 1.079.326,24. É menos do que a quantia arrecada pelo bolsonarista em sua campanha até agora, que já supera os R$ 1,2 milhão, mas é muito mais do que o candidato ofereceu à família “espontaneamente”, na casa da viúva da vítima.
Perondi foi citado no processo no dia 7 deste mês. Ainda antes do segundo turno, terá de apresentar seu posicionamento sobre a cobrança à Justiça.
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