Por Juliana Dal Piva e Igor Mello
Dois dos cinco presos pelo plano de assassinato do presidente Lula estavam atuando na segurança do G20. Os majores Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra de Azevedo foram detidos no Comando Militar do Leste, no Rio de Janeiro, onde participavam da GLO (Garantia da Lei e da Ordem) estabelecida para a cúpula de chefes de Estado.
De acordo com as investigações, Oliveira e Azevedo se envolveram na elaboração do “Punhal Verde e Amarelo”, plano para executar Lula, então presidente eleito, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). Além deles dois, o general Mário Fernandes também foi preso no Rio e os três ficarão presos sob custódia do Exército na cidade.
O plano detalhava os recursos bélicos e de pessoal necessários para executar as ações golpistas. Os Kids Pretos montariam ainda um “Gabinete Institucional de Gestão de Crise” para lidar com as repercussões institucionais dos crimes.
Alvos organizaram reunião para planejamento do golpe
A PF apurou que alguns dos alvos da operação de hoje participaram da organização de uma reunião entre Kids Pretos para planejar as ações golpistas, em 12 de novembro de 2022. As informações constam no relatório da PF da Operação Tempus Veritatis, deflagrada em fevereiro deste ano.
Segundo os investigadores, o tenente-coronel Helio Ferreira Lima e o major Rafael Martins de Oliveira trocaram mensagens com Mauro Cid para tratar da reunião, realizada na SQS 112, Bloco B, em Brasília. Os detalhes do plano foram encontrados em mensagens recuperadas no celular do tenente-coronel Mauro Cid, que fez colaboração premiada com a PF. Cid foi chamada para depor nesta terça-feira (19).
Segurança de Lula foi monitorada
Nos últimos meses, investigadores arrecadaram novos dados em computadores e celulares apreendidos durante as ações anteriores e as novas informações permitiram detalhar como se deu a preparação do golpe. Além das minutas já conhecidas, militares fizeram o levantamento dos nomes, das rotinas e até do armamento usado pelos responsáveis pela segurança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro Alexandre de Moraes. A coluna apurou que esse levantamento foi feito pelo grupo de “Kids Pretos”.
“Kid preto” é o apelido dado a militares que se formam no curso de Operações Especiais do Exército Brasileiro. Uma das unidades militares onde eles atuam é no Comando de Operações Especiais, em Goiânia. Segundo as investigações, a trama golpista tentou fazer com que militares dessa unidade tomassem parte no golpe de Estado. Entre as atribuições deles estaria prender o ministro Alexandre de Moraes e outras autoridades, sob ordem de Jair Bolsonaro.
Deixe um comentário