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Juliana Dal Piva

Formada pela UFSC com mestrado no CPDOC da FGV-Rio. Foi repórter especial do jornal O Globo e colunista do portal UOL. É apresentadora do podcast "A vida secreta do Jair" e autora do livro "O negócio do Jair: a história proibida do clã Bolsonaro", da editora Zahar, finalista do prêmio Jabuti de 2023.

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PF indicia 24 militares por tentativa de golpe; 7 deles são oficiais generais

Entre os militares há ministros de Jair Bolsonaro e ex-comandantes do Exército e da Marinha
21/11/2024 | 16h17

Igor Mello

A lista de indiciados pela PF (Polícia Federal) é dominada por militares. Dos 37 incluídos pelos investigadores, 24 são integrantes ou ex-integrantes das Forças Armadas.

A predominância de militares reflete o aparelhamento de cargos-chave do governo federal por integrantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica durante o governo Jair Bolsonaro. A PF quer que eles respondam pelos crimes de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa.

Entre eles há nada menos que sete oficiais generais. Dois deles — o general Paulo Sérgio Nogueira e o almirante Almir Garnier — chegaram a comandar, respectivamente, o Exército e a Marinha durante o governo Bolsonaro.

Paulo Sérgio também foi ministro da Defesa. Também tiveram assentos na Esplanada os generais Walter Braga Netto (Defesa e Casa Civil) e Augusto Heleno (GSI). O general Mário Fernandes foi ministro interino da Secretaria-Geral da Presidência.

Pressão por golpe militar

Após a derrota de Jair Bolsonaro na eleição presidencial de 2022, ele e seus auxiliares passaram a pressionar a cúpula das Forças Armadas para aderirem a um golpe de Estado que revertesse o resultado do pleito e prendesse opositores, entre eles o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

Bolsonaro chegou a apresentar uma minuta de decreto para dar verniz jurídico ao golpe para os comandantes das três forças. Garnier, comandante da Marinha, apoiou a manobra. O general Freire Gomes, comandante do Exército, e o brigadeiro Baptista Junior, comandante da Aeronáutica, afirmaram em depoimento à PF terem rejeitado aderir ao plano.

Além dos generais, peças importantes na execução da tentativa de golpe de Estado também eram militares. Os coronéis Mauro Cid e Marcelo Câmara, ambos assessores diretos de Bolsonaro, se envolveram em diversos aspectos da articulação no segundo semestre de 2022.

Já o general Mário Fernandes e outros quatro oficiais do Exército com treinamento em Operações Especiais, conhecidos como Kids Pretos, chegaram a executar um plano para assassinar o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes.

Eles chegaram a ir às ruas de Brasília no dia 15 de dezembro de 2022 para capturar Moraes, mas não tiveram sucesso.

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