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A equipe econômica do governo Lula (PT) anunciou ontem (28) o pacote fiscal contendo uma economia prevista de R$ 70 bilhões, como o mercado financeiro queria. Porém, antes mesmo do anúncio oficial, na noite de quarta-feira (27), a bolsa caiu 1,73% e o dólar disparou para R$ 5,912. Ontem (29), o derretimento da Bolsa brasileira prosseguiu e o dólar, na máxima do dia, ultrapassou a marca dos R$ 6.

No fechamento de ontem, o Ibovespa desabou 2,40%, aos 124.610,41 pontos. Já o dólar disparou com alta de 1,30%, a R$ 5,989, renovando o recorde nominal (quando descontada a inflação). Na máxima do dia, o recorde foi de R$ 6.003, maior valor nominal da história.

O nervosismo do mercado financeiro começou na quarta-feira à tarde, quando o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, fez comentários sobre o pacote durante coletiva para falar dos dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).

“Supersalários, imposto para super-ricos, vem tudo aí. Pacote completo”, disse Marinho. Perguntado se o pacote também envolveria aumento de correção na tabela do Imposto de Renda, o ministro simplesmente disse: “Tudo”, sem entrar em detalhes.

Na edição de ontem do ICL Mercado e Investimentos, a economista e apresentadora do programa, Deborah Magagna, disse que o pacote contém exatamente a previsão dos R$ 70 bilhões de economia que o mercado queria, “mas não da forma como queria”.

“Os R$ 70 bilhões foram mencionados, só que não da forma como o mercado financeiro esperava. Então, o mercado financeiro teve uma certa frustração porque ele queria que fosse no social – na saúde, na educação, nos benefícios sociais com possíveis não reajustes [do salário mínimo] acima da inflação”, disse.

“Será que o mercado, então, é um fiscalista seletivo? Porque não basta ter os R$ 70 bilhões cumpridos, tem que ser do jeito que se quer e principalmente nas populações mais vulneráveis”, complementou Deborah.

O também economista e coapresentador do programa, André Campedelli, mencionou ainda que o pacote anunciado foi “surpreendente”. “O pacote surpreende porque mexe em alguns vespeiros, como os supersalários”, disse.

Disparada do dólar tem a ver com medida que não faz parte do pacote

Com o anúncio do corte de gastos, o governo também divulgou que encaminhará ao Congresso, provavelmente no próximo ano, proposta para conceder isenção de IR (Imposto de Renda) para quem ganha até R$ 5 mil e vai cobrar mais de quem recebe a partir de R$ 50 mil mensais. Promover a justiça tributária é uma das promessas de campanha de Lula.

Segundo informações veiculadas pela colunista Raquel Landim, do UOL, a divulgação da tabela do IR junto com o corte fiscal rachou auxiliares de Lula. Uma ala defendia a divulgação conjunta para evitar desgaste com a esquerda, enquanto outra defendia que os anúncios ocorressem em momentos diferentes.

O pacote em si prevê cortes de R$ 70 bilhões nas contas públicas até 2026, montante que chegará a R$ 327 bilhões entre 2025 e 2030.

Na coletiva de ontem, Haddad deixou claro que os cortes não se relacionam diretamente com a reforma da renda, que inclui a proposta de aumento da faixa de isenção do IR. “Não queremos confundir o tema da reforma tributária com o tema de medidas que visam a reforçar o arcabouço fiscal”, afirmou.

A proposta de isenção de Imposto de Renda para contribuintes que ganham até R$ 5 mil por mês também trará benefícios também para quem recebe até R$ 7,5 mensais, segundo Haddad. A correção da faixa de isenção beneficiará 26 milhões de pessoas, segundo cálculos da equipe econômica.

A medida está prevista para vigorar a partir de 2026. “Nós estamos fazendo um conceito novo, de imposto de renda mínimo, considerado toda a renda da pessoa, e considerado tudo que ele pagou de imposto de renda naquele exercício”, disse Haddad.

A Fazenda estima que o aumento da faixa de isenção terá um impacto de cerca de R$ 35 bilhões na arrecadação federal. Isso será compensado, ainda segundo o ministro, por uma alíquota mínima de 10% no IR para quem ganha mais de R$ 50 mil por mês, o equivalente a R$ 600 mil por ano —proposta conhecida como “taxação dos super-ricos”.

Além disso, o governo terminará com a isenção para aposentados que tenham problemas de saúde graves e recebam acima de R$ 20 mil ao mês, “entre outros ajustes”.

Assista aos comentários de Deborah Magagna e André Campedelli no vídeo abaixo:

 

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