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O lucro da Petrobras caiu 70% em 2024 ante 2023, para R$ 36,6 bilhões. A justificativa para a queda ocorreu, segundo a companhia, pela desvalorização do real frente ao dólar, que levou a um prejuízo de R$ 17 bilhões no quarto trimestre, contra lucro de R$ 33 bilhões no mesmo período do ano anterior. O relatório foi divulgado na quarta-feira (26) após o fechamento do mercado financeiro.

Ainda assim, o Conselho de Administração da companhia aprovou, na véspera, a proposta de pagamento de dividendos equivalentes a R$ 9,1 bilhões, que será submetida à aprovação em Assembleia Geral Ordinária (AGO), que acontecerá em 16 de abril de 2025.

No ano passado, a companhia registrou um Fluxo de Caixa Operacional (FCO) de R$ 204 bilhões (US$ 38 bilhões), gerados pelas suas operações regulares durante o ano.

A dívida financeira, por sua vez, atingiu cerca de US$ 23,2 bilhões no final do ano, menor nível desde 2008. Foram investidos R$ 91 bilhões (US$ 16,6 bilhões) em projetos nos diversos segmentos de atuação da companhia e pagos R$ 270 bilhões em tributos aos cofres públicos.

“O excelente resultado operacional e financeiro de 2024 demonstra, mais uma vez, a capacidade da nossa empresa de gerar valores que são revertidos para a sociedade e para os nossos investidores. Destaco a geração operacional de US$ 38 bilhões e a dívida financeira de US$ 23 bilhões, o menor nível desde 2008”, afirmou a presidente da estatal, Magda Chambriard.

Porém, o lucro anual ficou menos da metade do projetado por bancos ouvidos pela agência Bloomberg, que esperavam US$ 14,6 bilhões (R$ 83 bilhões pela cotação atual). A empresa decidiu realizar ainda na noite desta quarta uma teleconferência com analistas para explicar o desempenho.

Após a divulgação do resultado, os ADRs (recibos de ações negociadas em Nova York) da Petrobras caíam 7,17% no after market por volta das 22h de quarta-feira (26), para US$ 13,29.

No balanço, Chambriard disse que o resultado “se deve, fundamentalmente, a uma questão de natureza contábil que não afeta nosso caixa: a variação cambial das dívidas entre a Petrobras e suas subsidiárias no exterior”.

Apesar de Chambriard ressaltar o “excelente resultado operacional e financeiro”, este ficou negativo em R$ 82,5 bilhões no ano passado. O diretor financeiro da estatal, Fernando Melgarejo, atribui o resultado de “operações financeiras entre empresas do mesmo grupo, que geram efeitos opostos que, ao final, se equilibram economicamente”.

“Isso porque a variação cambial nessas transações entra no resultado líquido da holding no Brasil e impactou negativamente o lucro de 2024. Ao mesmo tempo, houve impacto positivo direto no patrimônio”, disse.

O dólar se valorizou cerca de 24% no ano passado e o real foi a moeda que mais se desvalorizou frente à divisa norte-americana em 2024.

Dividendos da Petrobras devem somar R$ 75 bi

Caso haja aprovação da AGO para o pagamento dos R$ 9,1 bilhões de dividendos a acionistas, considerando os proventos antecipados pela companhia ao longo do ano, devidamente corrigidos pela taxa básica de juros, a Selic (13,25% ao ano), a remuneração aos acionistas relativa ao exercício de 2024 totalizará R$ 75,8 bilhões, sendo R$ 73,9 bilhões em distribuição de dividendos e JCP (Juros sobre Capital Próprio) e R$ 1,9 bilhão em recompras de ações.

“A decisão de pagamento de dividendos é definida com base no caixa da companhia e nos fluxos futuros, conforme estabelece a Política de Remuneração aos Acionistas da Companhia”, disse a empresa.

Do montante total de dividendos pagos em 2024, R$ 37,9 bilhões correspondem à parcela do governo brasileiro (União + BNDES), segundo a empresa.

Além disso, a empresa afirma que, em 2024, foram pagos R$ 270 bilhões em tributos aos cofres públicos, o segundo maior em 10 anos.

Adicionalmente, foram destinados mais de R$ 1 bilhão em investimentos socioambientais voluntários e obrigatórios, patrocínios e doações.

A empresa adicionou ainda que, ao longo do quarto trimestre, não houve recompra de ações da companhia.

Futuro

O diretor financeiro da estatal também afirmou que, em 2025, a Petrobras continuará “investindo em projetos rentáveis e comprometida com a execução do Plano de Negócios em 2025”.

“Nesse sentido, obtivemos recentemente o primeiro óleo do FPSO Almirante Tamandaré e iremos, ainda em 2025, começar a operar o FPSO Alexandre de Gusmão e a P-78. Também estamos trabalhando no ramp up dos dois sistemas que iniciaram suas atividades no final de 2024. Esperamos um incremento de 100 mil de barris de óleo por dia na produção da Petrobras”, disse.

Na área de exploração, segundo ele, a descoberta de novas áreas e o desenvolvimento das atuais “devem propiciar um incremento na relação entre as reservas provadas e a produção, indicador em que a Petrobras já apresenta excelentes números”.

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