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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse na quarta-feira (12) que o governo do presidente Lula (PT) vai encaminhar ao Congresso, ainda este ano, a reforma do Imposto de Renda. Em tom de ironia, Haddad afirmou que enviará a proposta, já que “muitos brasileiros ricos” não pagam imposto, enquanto trabalhadores têm seu imposto abatido na folha de pagamento. “Não podem decidir pagar ou não imposto de renda”, frisou.
A fala de Haddad aconteceu durante a cerimônia de lançamento do novo crédito consignado, no Palácio do Planalto, em Brasília. A nova modalidade é voltada a trabalhadores da iniciativa privada.
No início de fevereiro, Haddad entregou ao Congresso propostas que englobam os 25 objetivos da agenda econômica para 2025 e 2026. A lista inclui a reforma tributária da renda com a isenção do IRPF (Imposto de Renda da Pessoa Física) para quem ganha até R$ 5 mil, medida que será compensada com a tributação maior de milionários.
No evento de lançamento do novo consignado, Haddad também chamou atenção para a reforma tributária sobre o consumo, dizendo que, com ela, o presidente Lula (PT) “tomou a decisão de isentar de impostos, inclusive estaduais”, itens da cesta básica.
“Incluindo carne, incluindo proteína animal, leite, ovos, e fazendo apelo para que essa decisão, que já foi tomada pela União, seja antecipada pelos governadores hoje, para combater a carestia que hoje se vê no mercado”, afirmou Haddad. “Nós vamos estar entre os melhores sistemas tributários do mundo. Além disso, o senhor [referindo-se a Lula] encaminhará, esse ano ainda, uma reforma que é mais simples do que a do imposto sob consumo, que é a do imposto sobre a renda”, continuou.
No discurso, Haddad ainda listou o que chamou de três pilares para o desenvolvimento do país: a educação, um sistema tributário justo e o acesso ao crédito.
“Presidente, eu acho que tem três coisas estruturais para uma economia funcionar. Tem muita coisa. A economia envolve muitas medidas, muita atenção, muito detalhe, é sempre muito desafiador porque não depende só do Brasil, depende dos outros países, depende da situação geopolítica, depende da situação econômica”, disse o ministro, para quem sem acesso à educação o País não vai conseguir se desenvolver.
Haddad diz que governo não vai retaliar EUA
Em conversa com jornalistas, também na quarta-feira, Haddad disse que o governo brasileiro não deve promover uma retaliação imediata após o governo dos Estados Unidos devido à imposição de sobretaxas sobre o aço e o alumínio. Segundo ele, o próprio Lula pediu calma na análise do tema.
“Nós não vamos proceder assim [com retaliação imediata] por orientação do presidente da República”, disse Haddad, após receber representantes da Aço Brasil, entidade que reúne o setor siderúrgico brasileiro.
“O presidente Lula falou ‘olha, muita calma nessa hora’, nós já negociamos outras vezes, até em condições muito mais desfavoráveis do que essa”, acrescentou.
Na quinta-feira passada (6), o vice-presidente e ministro do MDIC (Desenvolvimento, Indústria e Comércio), Geraldo Alckmin, o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o representante de Comércio norte-americanos, Jamieson Green, conversaram sobre o tema.
Alckmin argumentou a eles que o Brasil não era um problema para os Estados Unidos, uma vez que a balança comercial entre os dois países é deficitária ao Brasil pelo menos nas últimas duas décadas. Ainda assim, o governo Trump impôs a tarifa desde ontem.
Há uma expectativa de que Brasil e Estados Unidos pode se reunir na semana que vem novamente, de forma virtual, para continuar as negociações.
Ontem, o governo brasileiro divulgou uma nota conjunta lamentando a decisão do governo norte-americano (clique aqui para saber mais detalhes).
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