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Em resposta às ameaças do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) contra o jornalista Guilherme Amado nas redes sociais, na última quinta-feira (13), a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) divulgou nota em defesa do jornalista nesta segunda-feira (17).
“(O deputado) sistematicamente tenta descredibilizar o trabalho de jornalistas por meio de ameaças, ataques virtuais e campanhas de desinformação. A publicação tem o intuito de mobilizar seus apoiadores contra o jornalista e, assim, tentar silenciar o seu trabalho, justamente quando este mostra contradições de sua atuação como parlamentar”, diz trecho da nota.
Amado foi alvo dos ataques após a publicação de uma matéria que afirmava que Eduardo Bolsonaro realizava uma live em Washington, nos Estados Unidos, enquanto o Congresso discutia emendas. Em resposta à publicação, o deputado afirmou que o jornalista “está se borrando de medo” do trabalho que ele está realizando nos EUA e que “tem razão de ficar com medo”.
Eduardo Bolsonaro tem ido com frequência aos Estados Unidos para costurar articulações políticas. Em paralelo, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seu pai, está prestes a se tornar réu no Supremo Tribunal Federal (STF) depois de ter sido denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por tentativa de golpe de Estado.
“Esse é um truque retórico velho, Guilherme Amado. Você está se borrando de medo do trabalho que estou fazendo aqui, por isso está tentando jogar minha base política contra mim”, escreveu Eduardo Bolsonaro no X, antigo Twitter.
O parlamentar continuou: “Viram que não adianta ameaçar prender meu passaporte, agora estão tentando ver se a direita começa a me pressionar para eu voltar e interromper o que estou fazendo aqui, deixando insinuado que é sem importância.”
Eduardo Bolsonaro fez uma ameaça ao jornalista, mencionando que uma das matérias de Guilherme Amado, sobre Filipe Martins, ex-assessor de Jair Bolsonaro (PL), teria sido discutida durante sua visita à Casa Branca.
“Estive na Casa Branca, sua matéria da inserção falsa da entrada do Filipe Martins foi um dos assuntos. Você tem razão de ficar com medo”, declarou.

Nota da Abraji na íntegra sobre o ataque a Guilherme Amado
A Abraji condena o ataque virtual do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) contra o jornalista Guilherme Amado. O parlamentar usou suas redes sociais para atacar e ameaçar o profissional, afirmando que citou Amado em uma reunião que teve na Casa Branca, nos Estados Unidos. A postagem foi uma resposta a uma matéria publicada na coluna de Amado no Platô BR que relata a live realizada pelo parlamentar em Washington, enquanto era realizada uma sessão plenária do Congresso Nacional.
A intimidação faz referência a uma campanha de desinformação mobilizada pelo deputado Bolsonaro junto a outros parceiros políticos, alegando falsamente que Amado teria causado a prisão de Filipe Martins, ex-assessor de Jair Bolsonaro. A postagem indica que esta acusação de armação contra Martins foi apresentada em reunião com membros do partido Republicano, nos Estados Unidos.
O jornalista publicou, em outubro de 2023, a informação obtida por consulta pública de documento da imigração nos Estados Unidos, que registrava a entrada de Filipe Martins no país em 30 de dezembro de 2022. Investigado pela Polícia Federal, Martins foi preso em uma operação da PF e posteriormente solto, porque a defesa demonstrou que ele estava no Brasil naquele período e que o documento da imigração estaria errado. A reportagem da coluna de Amado foi atualizada com uma correção que deixa claro que havia um registro de sua viagem ao Brasil, mas não da confirmação da realização da viagem.
Assim como seus seguidores, Eduardo Bolsonaro divulga a falsa informação de que a reportagem de Guilherme Amado seria responsável pela prisão de Martins. No entanto, a decisão do ministro Alexandre de Moraes de decretar a prisão do ex-assessor de Bolsonaro não se baseia na reportagem, mas em um relatório da Polícia Federal.
A Abraji repudia a atitude de Eduardo Bolsonaro que sistematicamente tenta descredibilizar o trabalho de jornalistas por meio de ameaças, ataques virtuais e campanhas de desinformação. A publicação tem o intuito de mobilizar seus apoiadores contra o jornalista e, assim, tentar silenciar o seu trabalho, justamente quando este mostra contradições de sua atuação como parlamentar.
Os parlamentares, pelo exercício de um cargo eletivo, devem suportar o escrutínio público de suas atividades, considerando o impacto que geram no orçamento e na vida pública. As ameaças e as intimidações configuram uma grave violação da liberdade de imprensa — premissa que deve ser respeitada por todos e é uma obrigação constitucional dos agentes públicos.