Vivendo uma tragédia sem precedentes, o estado do Rio Grande do Sul tem uma multidão de 76.580 pessoas vivendo em 837 abrigos improvisados em ginásios, universidades, escolas, prédios públicos e até estacionamentos. As informações são da Agência Brasil.
Se fosse o número de habitantes de um município, seria maior do que a população de 92,5% das cidades brasileiras, considerando que apenas 419 das 5.570 cidades possuem mais residentes, segundo o Censo 2022 do IBGE.
O número de mortos chegou a 149 nesta terça-feira (14), e ainda há 124 pessoas que seguem desaparecidas.
O total de desalojados pelas enchentes — aqueles que precisaram abandonar suas casas às pressas — superou meio milhão de pessoas em todo o estado, 538.245 no total. Dos 497 municípios do Rio Grande do Sul, 446 foram afetados, o que corresponde a 89,7%.
Na manhã desta terça, o nível do Guaíba, que banha a Grande Porto Alegre, atingiu a marca de 5,21 metros — 2,21 metros a mais do que a chamada cota de inundação, de 3 metros. O recorde, 5,33 metros, foi registrado na semana passada.

Destruição em Canoas, onde casas ficaram submersas cidade lidera número de pessoas abrigadas no RS. Foto Heloísa Villela ICL Notícias
Canoas (RS) tem mais abrigados do que Porto Alegre
A cidade de Canoas–RS, na região metropolitana de Porto Alegre, reúne menos de 3,2% da população do Rio Grande do Sul. São 347.657 canoenses. Mas a cidade responde por 24,1% (18.489) do total de pessoas que perderam tudo e dependem dos 73 abrigos.
Uma plataforma produzida pela Escola de Desenvolvimento Social do Rio Grande do Sul (EdSocial) atualiza os dados ao menos duas vezes por dia. Apenas nesta terça-feira foram criados novos abrigos em mais dez cidades.
Município mais populoso, com pouco mais de 1,33 milhão de habitantes, Porto Alegre contabilizava 14.337 pessoas espalhadas por 168 abrigos, o que representa 18,7% do total de abrigados no estado.
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