Por Mariana Zylberkan
(Folhapress) – Na manhã seguinte ao temporal que derrubou mais de 300 árvores e deixou milhares de imóveis sem energia em São Paulo, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) abandonou o colete da Defesa Civil usado durante crises anteriores em decorrência das fortes chuvas. Ele também faltou a evento público.
Uma das árvores caiu em cima de um táxi na avenida Senador Queiroz, na região da Sé, no centro da cidade. O motorista do veículo, de 43 anos, foi atingido e morreu.
Em outubro do ano passado, às vésperas do primeiro turno das eleições, a cidade também ficou às escuras após um temporal. Na mesma madrugada, o prefeito apareceu em um vídeo usando o colete em visita à sede do Smart Sampa para acompanhar o restabelecimento dos serviços afetados.
No dia seguinte, ele participou de uma entrevista coletiva em que atacou a concessionária Enel e anunciou um gabinete de crise ao lado do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Nesta quarta, no pico foram 176 mil imóveis sem luz. O prefeito apareceu nas redes sociais mais de 20 horas após o temporal para mostrar fotos de equipes da prefeitura removendo árvores caídas.
Outra postagem mostrou Nunes em uma reunião com assistentes sociais, sem relação com as chuvas.
Nunes também não foi à inauguração da unidade do Bom Prato no Canindé, região central da capital, na manhã desta quinta, evento público previsto em sua agenda. Na ocasião, o prefeito responderia a perguntas de jornalistas que o aguardavam no local.
Em seu lugar, a placa foi descerrada pela secretária municipal de Direitos Humanos, Regina Santana, e pela secretária estadual de Desenvolvimento Social, Andrezza Rosalém. Não foi dada explicação para a ausência do prefeito durante o evento.
Nunes não detalhou ações
Procurada, a gestão municipal informou que o prefeito acompanha o restabelecimento de serviços após os estragos causados pela chuva e, por isso, não foi à inauguração. Não foram informados detalhes do tipo de ação acompanhada por Nunes.
O temporal de terça provocou rajadas de vento de 61 km/h e houve queda de granizo nas regiões do Butantã, Pinheiros e Itaquera. A Defesa Civil, contudo, acredita que os ventos podem ter chegados até 101 km/h, devido aos estragos.
No largo do Arouche, uma árvore chichá (Sterculia chicha), com mais de 200 anos e 30 metros de altura, não resistiu ao temporal.
Após a chuva ter interrompido o abastecimento de energia em 176 mil endereços, cerca de 63 mil imóveis ainda estavam sem luz na manhã desta quarta, o que equivale a 0,7% das 8 milhões de unidades atendidas pela Enel nos 24 municípios da Região Metropolitana.
A região oeste foi a mais afetada na capital pela falta de luz, devido às quedas de árvores de grande porte sobre a rede elétrica.
A chuva deve continuar ao menos até o próximo domingo (16), segundo previsão do Inmet. O alerta prevê acumulados de até 50 mm de chuva em 24 horas, além de ventos intensos, de até 60 km/h.
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