O Projeto de Lei da Anistia foi a gota d’água para o paulista aposentado Valmir Laudelino Zanzeri. Ele decidiu, por conta própria, apresentar uma notícia crime à Procuradoria-Geral da República (PGR) contra todos os mais de 200 deputados que assinaram o pedido de urgência para a tramitação do PL, protocolado esta semana na mesa da Câmara dos Deputados. “Fica bem claro que tais deputados não só são solidários, mas também apoiadores dos atos ocorridos em 08/01/2023”, argumentou Valmir no arrazoado apresentado à PGR que mostrou, com exclusividade, com o ICL Notícias.
“Eu já estava p… da vida”, disse Valmir. Ele acompanha a política de perto, diz que está sempre brigando para ver se as coisas melhoram no Brasil, e decidiu que não podia mais ficar calado, quieto em casa. Assistindo a uma entrevista do jurista Lenio Streck na internet, Valmir perguntou, pelo chat, se um cidadão comum poderia apresentar uma queixa sobre o projeto à PGR. “Ele respondeu! Riu e disse, poder pode…”.
Laudelino não perdeu tempo. Foi logo preparar o documento apresentado à Procuradoria na segunda-feira, dia 14. No mesmo dia em que o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) protocolou o projeto com 264 assinaturas. No dia seguinte, Valmir recebeu uma resposta da PGR avisando que a notícia-crime havia sido recebida. O e-mail também continha um número de protocolo para que ele pudesse acompanhar a tramitação do processo.

O deputado Sóstenes Cavalcanti, líder do PL na Câmara (Foto: Câmara dos Deputados)
PGR acusou recebimento do texto de Valmir
Na argumentação que redigiu, Valmir destaca que para combater “esse sentimento golpista, que continua no ar”, e impedir que esses agentes continuem espalhando mentiras e desinformação, seria importante impedir atos como esse, que tenta anistiar os responsáveis pelos planos golpistas. Ele também pede que todos os responsáveis sejam retirados do convívio social.
Valmir não está preocupado apenas com o momento atual e sim, com o futuro próximo.
“Claro que essa anistia é golpe e possivelmente uma preparação para um golpe futuro, quem sabe já agora, em 2026”, afirma.
O texto do PL, de fato, abre brechas preocupantes. Por exemplo, não tratar como crime os preparativos para uma tentativa de golpe. Como se preparar e não conseguir levar um golpe a cabo não fosse conduta digna de punição da justiça. Se for assim, fica bem fácil planejar uma ruptura institucional.
Para Valmir, não dá mais para ficar esperando o amanhã sem cuidar do que for possível hoje. Ele quer ver todos os deputados que embarcaram na tentativa de passar a borracha na história da tentativa de golpe, que culminou com as cenas de violência do dia 8 de janeiro, investigados e punidos.
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