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Pepe Mujica: o líder que se tornou um exemplo para a humanidade

Saiba como Pepe Mujica, ex-guerrilheiro e presidente do Uruguai, se tornou um símbolo global de resistência e humildade.
14/10/2024 | 17h40

José Alberto Mujica Cordano, popularmente conhecido como Pepe Mujica, tem uma trajetória diferente de qualquer outro líder que já passou pelo cenário global.

De guerrilheiro preso a presidente, Mujica não apenas sobreviveu a décadas de repressão, mas se transformou em um símbolo de resistência, humildade e comprometimento com as causas sociais.

Sua simplicidade cativou o mundo, assim como suas ideias sobre consumo, poder e liberdade. Mujica é um exemplo vivo de que é possível fazer política sem se corromper, mantendo o foco na luta por um mundo mais justo e igualitário.

Quem é Pepe Mujica?

Pepe Mujica, ou José Alberto Mujica Cordano, nasceu no dia 20 de maio de 1935, em Montevidéu, Uruguai. Filho de uma família simples, ele viveu uma vida ligada às classes populares desde muito jovem. Sua trajetória vai da infância humilde até se tornar presidente do Uruguai, sempre defendendo os mais pobres e as causas sociais.

Mujica é um exemplo de como a política pode ser feita com honestidade, proximidade com o povo e, acima de tudo, simplicidade.

A infância de Mujica: humildade e influências

Mujica cresceu no bairro Paso de la Arena, em Montevidéu. Aos seis anos, perdeu seu pai, Demetrio Mujica, e sua mãe, Lucía Cordano, assumiu sozinha a responsabilidade de sustentar a família.

Desde cedo, Mujica vivenciou a realidade de uma vida marcada pelo trabalho duro, cercado por operários e pequenos agricultores. Esse ambiente o fez perceber as desigualdades sociais de forma clara e contribuiu com sua visão sobre a necessidade de lutar por justiça social e melhores condições para os trabalhadores.

Envolvimento com política

Na adolescência, Mujica começou a se envolver com a política. Aos 18 anos, ele deu seu primeiro voto para o Partido Socialista do Uruguai, mostrando desde cedo seu interesse pelos ideais de esquerda.

Mujica foi influenciado por grandes movimentos revolucionários que estavam acontecendo no mundo naquela época, como a Revolução Cubana e a Guerra de Libertação do Vietnã.

Esses movimentos ajudaram a moldar sua consciência política e reforçaram suas convicções de que era preciso lutar contra as injustiças sociais. Foi nessa fase que ele começou a se aproximar dos movimentos que defendiam a luta armada como uma resposta à opressão e às desigualdades.

A guerrilha Tupamaros

Nos anos 60, o Uruguai passava por uma forte crise política e social, com crescente repressão e desigualdade. Nesse cenário, surgiram movimentos que buscavam mudar o rumo do país de forma mais radical.

Um dos mais significativos foi o Movimento de Libertação Nacional – Tupamaros (MLN-T), que defendia a luta armada como uma maneira de enfrentar o governo autoritário da época. Mujica, aos 30 anos, se uniu a esse movimento, acreditando que a transformação viria através da resistência direta.

O Movimento Tupamaros e suas ações

O Movimento Tupamaros em manifestação em 1973. Foto: 1948. Declaração universal dos direitos humanos

O Movimento Tupamaros em manifestação em 1973. Foto: 1948. Declaração universal dos direitos humanos

O Movimento de Libertação Nacional-Tupamaros (MLN-T) foi uma organização de guerrilha urbana que surgiu no Uruguai na década de 1960, em resposta à crescente desigualdade e repressão política. Inspirados por ideais marxistas e pelo exemplo de Túpac Amaru II, os Tupamaros adotaram táticas de confronto direto com o Estado, buscando desestabilizar as estruturas de poder político e econômico.

Pepe Mujica foi um dos principais integrantes do movimento, participando ativamente de várias operações de guerrilha. Entre as principais ações estavam:

  • Sequestros de figuras políticas e empresariais: os Tupamaros usavam os sequestros como uma forma de pressionar o governo e conseguir concessões, como a libertação de prisioneiros políticos.
  • Assaltos a bancos: o dinheiro roubado era utilizado para financiar o movimento e também redistribuído entre os mais pobres, reforçando o discurso de justiça social.
  • Ataques a alvos estratégicos: buscavam enfraquecer o poder estatal ao realizar operações contra instituições e figuras que representavam a repressão e as injustiças sociais.

O MLN-Tupamaros não se limitava à luta armada. Eles se tornaram conhecidos por sua habilidade em combinar ação direta com um forte discurso de redistribuição de riquezas e resistência à repressão.

Prisão e tortura

A participação de Mujica no movimento não passou despercebida pelas forças de segurança do governo. Ele foi preso quatro vezes ao longo de sua militância. Durante uma dessas tentativas de captura, foi baleado seis vezes, mas sobreviveu.

Sua última prisão foi a mais longa e difícil: 14 anos de encarceramento, muitos deles passados em condições de extremo isolamento.

Na prisão, Mujica enfrentou não só a tortura física, mas também o desafio de manter sua saúde mental. Para resistir, ele e outros companheiros presos desenvolveram formas criativas de comunicação, como bater códigos Morse nas paredes das celas, permitindo que mantivessem um senso de comunidade mesmo no isolamento.

Transição para a política institucional

Em 1985, Pepe Mujica, Mauricio Rosencof e Adolfo Wassen Jr. foram libertados após anos de prisão durante a ditadura uruguaia, marcando o retorno à democracia no país. Foto: AFP

Em 1985, Pepe Mujica, Mauricio Rosencof e Adolfo Wassen Jr. foram libertados após anos de prisão durante a ditadura uruguaia, marcando o retorno à democracia no país. Foto: AFP

Após sua libertação em 1985, com o fim da ditadura militar no Uruguai, Mujica tomou uma decisão importante: deixar a luta armada e passar a atuar na política de maneira institucional.

Ele ajudou a reorganizar o Movimento de Participação Popular (MPP), que se tornou parte da Frente Ampla, uma coalizão de esquerda que lutava por reformas e por maior inclusão social. Essa transição marcou o início de sua caminhada até a presidência do Uruguai.

A caminhada política de Mujica

Após anos de militância e prisões, Pepe Mujica deixou a luta armada para se engajar na política institucional. Ele acreditava que, apesar dos limites da política tradicional, era possível provocar mudanças por meio do diálogo e da participação democrática.

A entrada na política institucional

A transição de guerrilheiro para político foi um desafio significativo para Mujica. Em 1995, ele deu seu primeiro passo oficial na política ao ser eleito deputado. Dois anos depois, conquistou uma cadeira no Senado.

Durante esse período, Mujica manteve seu foco nas questões sociais, mostrando que era possível conciliar suas convicções ideológicas com a busca por soluções para o país, sempre valorizando o diálogo e a conciliação.

Seus discursos no parlamento refletiam sua simplicidade e o desejo de representar as classes populares, o que logo chamou a atenção de eleitores e líderes políticos. Apesar do passado como guerrilheiro, ele demonstrou uma capacidade de se adaptar às novas condições políticas, mantendo o foco na melhoria da qualidade de vida da população mais pobre.

O caminho até a presidência

Em 2009, Pepe Mujica foi eleito presidente do Uruguai, representando a coalizão de esquerda Frente Ampla, que já governava o país desde 2005. Sua eleição foi um marco, não apenas por sua trajetória incomum, mas também porque sua candidatura simbolizava uma nova etapa para o Uruguai.

Mujica não representava a figura tradicional do político. Seu estilo simples, sua vida modesta e sua disposição para o diálogo conquistaram grande parte da população.

Durante a campanha, Mujica prometeu continuar as reformas iniciadas por Tabaré Vázquez, com um foco ainda maior na redução da desigualdade social e na expansão dos direitos civis. Eleito com o apoio de amplos setores da sociedade, Mujica assumiu o cargo em 2010, consolidando sua trajetória de ex-guerrilheiro a presidente.

O governo de Pepe Mujica

Durante seu mandato, Pepe Mujica trouxe ao Uruguai uma série de reformas que não só mudaram o cenário interno do país, mas também o colocaram em destaque no cenário internacional.

Seu governo, de 2010 a 2015, foi um período marcado por avanços significativos em direitos civis e políticas progressistas.

Principais reformas no Uruguai de Mujica

O governo de Pepe Mujica implementou várias reformas que colocaram o Uruguai como referência mundial em direitos civis. Algumas são:

  • Legalização da maconha: em 2013, o Uruguai se tornou o primeiro país do mundo a legalizar a produção e venda de maconha. A medida foi vista como uma estratégia para combater o narcotráfico e garantir o controle do estado sobre o uso da droga.
  • Legalização do aborto: em 2012, foi sancionada a lei que legalizou o aborto, garantindo às mulheres o direito de interromper a gravidez de maneira segura e controlada.
  • Casamento igualitário: em 2013, Mujica aprovou a lei que permitiu o casamento entre pessoas do mesmo sexo, fortalecendo seu compromisso com a igualdade e os direitos individuais.

Discrição e simplicidade

Mujica se destacou por sua simplicidade e estilo de vida modesto, que contrastava com o padrão adotado por muitos líderes globais. Ao invés de morar no palácio presidencial, ele escolheu continuar em sua pequena chácara nos arredores de Montevidéu, onde, ao lado de sua esposa, Lucía Topolansky, cultivava verduras e flores.

Ele rejeitava qualquer forma de luxo. Dirigia seu Fusca azul, mantinha uma rotina simples e trabalhava na terra, distante dos holofotes da mídia. Para Mujica, a verdadeira liberdade estava em viver de forma descomplicada, evitando o consumismo. Ele acreditava que o tempo de vida é o bem mais valioso que temos e que devemos investi-lo em coisas que nos trazem verdadeira felicidade.

Mujica e seu fusca azul ano 1987. Foto: AFP

Mujica e seu fusca azul ano 1987. Foto: AFP

Além disso, doava cerca de 90% de seu salário para programas sociais, guardando apenas o necessário para manter sua vida modesta. Sua postura refletia a convicção de que a política existe para servir à população, e não aos interesses das elites. Mujica era um crítico do consumismo e da busca desenfreada por riqueza, promovendo uma visão de mundo mais solidária e equilibrada.

O Uruguai antes e depois de Pepe Mujica

Pepe Mujica transformou o Uruguai em diversos aspectos durante e após seu governo. Ao assumir a presidência, ele enfrentou um país marcado por crises e desafios históricos, e saiu deixando um legado de reformas que impactaram profundamente a sociedade uruguaia.

O Uruguai pré-Mujica: crise e desigualdade

Antes de Mujica assumir a presidência, o Uruguai viveu momentos complicados. A ditadura militar, que durou de 1973 a 1985, deixou cicatrizes na economia e na sociedade. Nas décadas seguintes, o país sofreu com instabilidade política e dificuldades econômicas, enfrentando altos índices de desigualdade e exclusão social.

A Frente Ampla, partido de esquerda ao qual Mujica pertencia, já havia iniciado algumas reformas durante o governo de Tabaré Vázquez, mas foi com Mujica que as mudanças em áreas como direitos humanos, igualdade de gênero e a descriminalização de drogas ganharam força e reconhecimento.

O Uruguai após Mujica: um país modelo

Após o governo de Mujica, o Uruguai passou a ser visto como uma referência em democracia e inclusão social. As reformas sociais implantadas, como a legalização da maconha e o avanço nos direitos civis, colocaram o país no mapa internacional como um modelo progressista.

Mujica encerrou seu mandato com altos índices de aprovação, sendo amplamente respeitado dentro e fora do país, consolidando o Uruguai como um exemplo de como políticas focadas no bem-estar social podem transformar uma nação.

Relação de Mujica com líderes mundiais e políticas exteriores

Pepe Mujica e Barack Obama na Casa Branca. Foto: Jonathan Ernst/REUTERS

Pepe Mujica e Barack Obama na Casa Branca. Foto: Jonathan Ernst/REUTERS

Ao longo de sua presidência, Pepe Mujica se destacou não só pelas políticas internas no Uruguai, mas também pela maneira como se posicionou no cenário internacional. Com uma visão de mundo centrada na cooperação e nos direitos humanos, Mujica construiu relações marcadas pela simplicidade e honestidade.

Diplomacia independente

Mujica manteve diálogos abertos e respeitosos com diversos líderes globais, mas sempre adotou uma postura crítica em relação às grandes potências. Ele sempre defendeu uma diplomacia que priorizava a cooperação internacional, com foco no bem comum e no respeito às nações menores.

Mujica também era firme em seus discursos sobre justiça social e direitos humanos, não hesitando em criticar o capitalismo e as disparidades que ele enxergava no mundo.

Discursos marcantes em fóruns globais

Um de seus discursos mais memoráveis aconteceu na Assembleia Geral da ONU, em 2012. Mujica chamou a atenção global ao criticar o consumismo desenfreado e ao questionar o modelo econômico que, segundo ele, estava prejudicando o planeta e ampliando as desigualdades sociais.

Sua fala foi um apelo para que as lideranças mundiais refletissem sobre o futuro da humanidade.

Um líder que inspirou o mundo

Pepe Mujica não foi apenas um dos presidentes do Uruguai. Ele se tornou uma referência global por seu estilo de vida simples, por suas ideias sobre justiça social e por sua postura única em relação ao poder.

Sua trajetória, desde guerrilheiro até presidente, cativou o interesse de cineastas, escritores e documentaristas ao redor do mundo, que contaram sua história em diversos filmes e livros.

Documentários e filmes

A vida de Pepe Mujica foi retratada em diversos filmes e documentários que retratam desde sua vida pessoal até sua luta política e desafios enfrentados durante a presidência. Entre eles estão:

El Pepe, uma vida suprema

  • Sinopse: este documentário explora a vida de José Mujica, destacando sua simplicidade e visão política. A narrativa gira em torno de sua carreira como guerrilheiro, preso político e presidente, enquanto constrói uma história sobre amor, empatia e militância. A humildade de Mujica, que doava boa parte de seu salário, é um dos focos centrais.
  • Onde assistir: disponível na Netflix.
  • Classificação indicativa: não recomendado para menores de 14 anos.

Uma noite de 12 anos

  • Sinopse: baseado em fatos reais, o filme acompanha os 12 anos em que Mujica e outros militantes do movimento Tupamaros foram mantidos presos e isolados durante a ditadura militar no Uruguai. A história mostra o sofrimento, a resistência e os métodos que os prisioneiros usaram para sobreviver à tortura e ao isolamento extremo.
  • Onde assistir: disponível na Netflix.
  • Classificação indicativa: não recomendado para menores de 14 anos.

Uruguai na vanguarda

  • Sinopse: este documentário retrata os movimentos sociais no Uruguai sob a presidência de Mujica. A produção destaca as conquistas da legalização da maconha, do casamento igualitário, do aborto e da cota racial, mostrando como esses avanços foram fruto da mobilização popular e das lutas políticas.
  • Onde assistir: disponível no Amazon Prime Video.
  • Classificação indicativa: não recomendado para menores de 10 anos.

Os sonhos do Pepe – Movimento 2052

  • Sinopse: o filme foca na filosofia de vida de Pepe Mujica, abordando suas preocupações com o colapso climático e o modelo predatório de desenvolvimento seguido pela humanidade. A narrativa busca inspirar reflexões sobre o futuro do planeta e o legado que deixaremos para as próximas gerações.
  • Onde assistir: ainda não disponível em streaming.
  • Classificação indicativa: não especificada.

Livros sobre e por Mujica

A trajetória de Pepe Mujica inspirou diversas obras literárias que abordam sua trajetória política, sua filosofia de vida e sua visão sobre o mundo.

“Uma Ovelha Negra no Poder: Confissões e Intimidades de Pepe Mujica”

  • Autores: Andrés Danza e Ernesto Tulbovitz
  • Sinopse: biografia oficial de Mujica que explora sua vida desde os tempos como guerrilheiro dos Tupamaros até a presidência do Uruguai. O livro detalha suas políticas progressistas, sua simplicidade, e seu pensamento crítico sobre o comunismo, anarquismo e relações internacionais.

“Palavras para Depois: Conversas com Pepe Mujica”

  • Autor: Fabián Restivo
  • Sinopse: o livro reúne diálogos entre Mujica e o jornalista argentino Fabián Restivo, abordando temas como vida, militância, política e a natureza humana. O ex-presidente compartilha reflexões sobre a constante busca por novas formas de organização social e o aprendizado humano.

“Chomsky & Mujica: Sobrevivendo ao Século XXI”

  • Autor: Saúl Alvídrez
  • Sinopse: Mujica e Noam Chomsky discutem as grandes questões do século XXI, como mudanças climáticas, corrupção, crise do capitalismo e alternativas para a sociedade. O livro destaca o pensamento de ambos sobre como enfrentar os desafios globais com base em valores como democracia, liberdade e amizade.

“O Horizonte: Conversas sem Ruído entre Sanguinetti e Mujica”

  • Autores: Alejandro Ferreiro e Gabriel Pereyra
  • Sinopse: o livro traz uma série de diálogos entre Mujica e o ex-presidente uruguaio Julio María Sanguinetti. Juntos, eles discutem política, democracia, e os desafios do mundo moderno, mostrando que, mesmo com diferenças ideológicas, o diálogo é possível e necessário.

“Memórias do Calabouço”

  • Autores: Mauricio Rosencof e Eleuterio Fernández Huidobro
  • Sinopse: esta obra narra os 12 anos de prisão de Mujica e seus companheiros Tupamaros durante a ditadura uruguaia. O livro é um testemunho das condições extremas enfrentadas na prisão e da luta por sobrevivência, além de ser a inspiração para o filme “A Noite de 12 Anos.”

“Pepe Mujica: De Tupamaro a Presidente”

  • Autor: María Esther Gilio
  • Sinopse: em uma entrevista com Mujica, o livro explora sua trajetória desde os anos como militante dos Tupamaros até sua ascensão política. A obra reflete sobre suas convicções e sua experiência de vida.

“Pepe Mujica – Simplesmente Humano”

  • Autor: Allan Percy
  • Sinopse: o livro destaca as lições de vida de Mujica e suas reflexões sobre consumismo, felicidade e política. Percy comenta as frases mais famosas de Mujica e oferece uma visão sobre como sua filosofia de vida se conecta com suas ações políticas.

Esses livros oferecem uma visão detalhada sobre o pensamento, as ações e os desafios enfrentados por Pepe Mujica ao longo de sua vida, tanto como guerrilheiro quanto como presidente

Frases de Mujica

Pepe Mujica. Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Pepe Mujica. Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Pepe Mujica é conhecido por sua maneira simples e direta de falar, sempre transmitindo suas ideias com frases que se tornaram conhecidas mundialmente. Suas palavras refletem a vida que escolheu viver e a visão de mundo que construiu ao longo de sua trajetória:

“Vou para casa, mas não saio da política.”

Mujica disse isso ao renunciar ao Senado em 2020, mostrando que, mesmo fora dos cargos oficiais, continuaria a contribuir com suas ideias e ações.

“Os homens passam, as causas permanecem.”

Com essa frase, ele destaca a importância de lutar por causas que vão além das pessoas, acreditando que as ideias e as lutas continuam, mesmo depois que os indivíduos se vão.

“O capitalismo descobriu e trabalha sobre nossas emoções.”

Mujica sempre apontou que o sistema capitalista explora nossas emoções para incentivar o consumo, algo que ele via com ceticismo.

“A liberdade é o tempo da nossa vida que gastamos nas coisas que nos fazem bem.”

Para ele, a verdadeira liberdade está em como usamos nosso tempo, buscando fazer o que nos traz satisfação, e não acumulando coisas.

“Vale a pena ter uma causa para viver.”

Mujica acredita que a vida ganha mais sentido quando dedicamos nosso tempo a uma causa que nos motive e nos faça sentir que estamos contribuindo para algo maior.

Mujica na atualidade: a luta continua

Hoje, aos 89 anos, José “Pepe” Mujica leva uma vida tranquila em sua chácara nos arredores de Montevidéu, no Uruguai. Mesmo aposentado dos cargos públicos, ele continua sendo uma figura de destaque, tanto no cenário político uruguaio quanto internacional.

Embora tenha deixado o Senado em 2020 por motivos de saúde e idade, Mujica segue ativo nos debates sobre justiça social, mudanças climáticas e desigualdade.

Presença em debates e orientação de jovens líderes

Apesar de ter renunciado ao Senado, Mujica não abandonou completamente a política. Ele segue dando palestras e entrevistas, muitas delas abordando questões do mundo atual, como os impactos das novas tecnologias e os problemas do capitalismo. Além disso, Mujica dedica parte de seu tempo a orientar jovens líderes políticos, incentivando-os a continuar a luta por justiça social e igualdade.

Sua participação em eventos internacionais ainda é constante. Mujica compartilha suas experiências e visões sobre política, vida e os desafios que a humanidade enfrenta. Sua fala continua a inspirar, especialmente para quem busca alternativas aos sistemas político e econômico atuais.

Saúde e vida pessoal

Em abril de 2024, Mujica foi diagnosticado com câncer de esôfago. Isso o levou a diminuir suas atividades políticas mais intensas. No entanto, ele segue fiel ao seu estilo de vida simples, vivendo com sua esposa, Lucía Topolansky, em uma pequena casa onde eles cultivam a terra. O Fusca azul e a chácara de Mujica continuam sendo símbolos de sua crítica ao consumismo e de seus valores.

Pepe Mujica e sua esposa Lucía Topolansky. Foto: Corriere Della Sera

Pepe Mujica e sua esposa Lucía Topolansky. Foto: Corriere Della Sera

Conclusão: o legado de Pepe Mujica

Pepe Mujica é mais do que um ex-presidente ou um ex-guerrilheiro. Sua trajetória desafia os padrões tradicionais de poder, mostrando que é possível lutar por um mundo mais justo sem se corromper pelos excessos do sistema. Ele viveu sua vida com simplicidade e coerência, sem abrir mão de seus valores, sempre colocando as pessoas e a justiça social acima de interesses individuais.

Mesmo fora dos palcos políticos, Mujica continua sendo uma referência viva. Suas palavras, atitudes e escolhas nos lembram que a verdadeira mudança começa com pequenas ações e, sobretudo, com a coragem de não se dobrar ao consumo desenfreado ou ao poder pelo poder.

Como ele mesmo disse, “vale a pena ter uma causa para viver.” Essa causa continua viva no exemplo de sua vida. Seu legado é um chamado para que, em um mundo cada vez mais desigual, a luta por dignidade e liberdade nunca perca sua força.

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