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‘Não tenho indícios, me desculpe’, diz Bolsonaro sobre acusações a ministros do STF

Depois de Bolsonaro, serão interrogados o ex-ministro da Defesa Paulo Nogueira e o ex-ministro da Casa Civil Walter Braga Netto
10/06/2025 | 17h57
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Por Juliana Dal Piva, Igor Mello e Gabriel Gomes

O Ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), interrogou nesta terça-feira (10), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), na ação que apura a tentativa de golpe de Estado em 2022. Bolsonaro é um dos oito réus do chamado ‘núcleo crucial’ do golpe.

Ao ser questionado por Moraes sobre denúncia feita por ele de que os ministros estariam levando dinheiro nas eleições, Bolsonaro pediu e afirmou não ter indícios.

“Quais eram os indícios que o senhor tinha que nós estaríamos levando U$S 50 milhões, U$S 30 milhões?”, perguntou Moraes.

“Não tem indícios nenhum, senhor ministro. Tanto é que era uma reunião para não ser gravada. Um desabafo, uma retórica que eu usei. Se fosse outros três ocupando teria falado a mesma coisa. Então, me desculpe, não tinha qualquer intenção de acusar de qualquer desvio de conduta os senhores três”, respondeu Bolsonaro.

Depois de Bolsonaro, foram interrogados o ex-ministro da Defesa Paulo Nogueira e o ex-ministro da Casa Civil Walter Braga Netto. Já prestaram depoimentos o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, o ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional Augusto Heleno, o ex-ministro da Defesa Paulo Nogueira, o ex-ministro da Casa Civil Walter Braga Netto, e o almirante Almir Garnier, comandante da Marinha no governo de Jair Bolsonaro.

Também foram incluídos no “Núcleo 1” o deputado federal e ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem e o tenente-coronel e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid, interrogados na segunda-feira (9).

Veja os principais momentos do interrogatório no STF

Nervoso

O ex-presidente Jair Bolsonaro iniciou o depoimento bastante nervoso, gesticulando muito e mexendo em papeis pra responder simplesmente sobre seu endereço e dados pessoais. Questionado por Moraes, negou a veracidade das acusações

.Fugiu do assunto

Na primeira pergunta, o ministro Alexandre de Moraes questiona sobre a reunião interministerial em que se discutiu a possibilidade de um golpe em julho de 2022 e a teria falsa da fraude nas urnas. Bolsonaro inicialmente cita Dino e Lupi como pessoas que também criticaram as urnas. Depois, começou a defender seu governo ignorando o questionamento do ministro.

‘Retórica’

“Essa foi a minha retórica buscando o voto impresso”. Bolsonaro tenta argumentar que as falsas denúncias que fazia do sistema eleitoral era parte de uma “retórica” que ele defendia desde que era deputado.

‘Não tenho indícios’

“Não tenho indícios, sr. ministro. Me desculpe”, disse Bolsonaro para Alexandre de Moraes sobre acusações a ministros do STF. Veja o vídeo:

Live

Bolsonaro mudou versão sobre inquérito vazado por ele em live durante a campanha. Agora o ex-presidente admite que se tratava de uma invasão ao sistema interno do TSE, e não às urnas. Bolsonaro ainda afirmou que não entende “quase nada” de informática.

Recuou

“Eu posso ter exagerado na crítica”, disse o ex-presidente sobre as falsas informações em relação ao sistema das urnas. Disse que foi “um vício” que trouxe do parlamento para o executivo porque acredita na imunidade parlamentar.

‘Desagradável’

Bolsonaro definu momento do depoimento como “bastante desagradável”.

Bolsonaro durante interrogatório no STF. (Foto: Fellipe Sampaio/STF)

Contradição

Ex-presidente disse que a relação dele com os ministros não era autoritária. Ele só não lembrou que toda a cúpula dos comandantes militares foi substituída em março de 2021 após uma crise durante a pandemia.

Documento sem relação com o caso 

“Todo sistema eletrônico pode ter vulnerabilidades”, disse Bolsonaro. O ex-presidente repetiu à exaustão um trecho de um documento da associação de peritos da PF sem nenhuma relação concreta com o caso.

Pressão em ministros

“Jamais pressionei o ministro que for”, disse Bolsonaro. Contudo, é de conhecimento público o vídeo de reunião ministerial em 2020 no qual Bolsonaro ameaçou o então ministro da Justiça, Sérgio Moro, de demissão se não pudesse interferir na PF para proteger seus filhos.

Reuniões

Reuniões com chefes das Forças Armadas foram “em grande parte” motivadas por decisão do TSE que multou o PL em quase R$ 23 milhões, admitiu Bolsonaro.

(Foto: STF)

Minuta golpista

“Eu queria ter acesso a essa minuta”, disse o interrogado. Ele tentou desfazer a ideia de que o documento era uma minuta. “Não procede o enxugamento”, disse. “Não tinha cabeçalho”. Bolsonaro tentou convencer que eram apenas “considerandos”. Ao final, admitiu que mostrou um documento na tela para o comandante Freire Gomes.

Bolsonaro admitiu que trecho de minuta foi exibido a comandantes militares durante reunião, mas alegou que discussão “não foi à frente”.

Prisão de autoridades

Moraes questionou se o documento previa prisão de autoridades. Cid e o comandante da Aeronáutica contaram sobre a previsão de prisão do ministro Alexandre de Moraes. Bolsonaro primeiro disse: “Só tinha considerandos”. Depois foi questionado novamente e negou.

‘Pobres coitados’

Bolsonaro chamou os golpistas de 8 de janeiro de “pobres coitados”. Negou que tenha tentado um golpe e defendeu a ditadura. “Tem gente que chama Temer de golpista até hoje por causa do impeachment. A esquerda acha que 64 é um golpe”, disse.

Reunião com hacker e Zambelli

O ex-presidente confirmou que se reuniu com a deputada Carla Zambelli (PL-SP) e o hacker Walter Delgatti Neto, condenados por invasão ao sistema do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).

“Carla Zambelli levou o hacker, e eu o recebi. Não entendo nada de informática. Não senti confiança nele, como de praxe. Encaminhei o hacker a ir para a Comissão de Transparência Eleitoral e nunca mais tive contato com ele. Não tive retorno [do então ministro da Defesa Paulo Sérgio]. Nem sei se foi recebido”, disse.

Fux

“Teve uma reunião que o senhor escorregou no vocabulário e ofendeu autoridades. Ela foi gravada ou grampeada?”, questionou o ministro Luiz Fux.

Baptista Junior

“Houve um exagero por parte do brigadeiro que foi desmentido pelo general. Entendi que ele tava comigo enquanto eu era presidente e quando não era mais ele tava procurando um novo lugar”, disse Bolsonaro ao atacar o brigadeiro Baptista Junior.

Votos

“Peço a Deus que ilumine todos os senhores”, disse Bolsonaro sobre votos dos ministros do STF nas acusações contra ele.

‘Tem algo pessoal entre nós’

“Tem algo pessoal entre nós dois. Eu relevo muita coisa, mas ele parece que não superou isso daí”, comentou Bolsonaro sobre o ministro Luis Roberto Barroso.

Documentos golpistas

Bolsonaro insiste que recebeu os documentos golpistas, descobertos durante as investigações, de seus advogados que tinham apenas feito a impressão dos autos do processo para ele analisar.

STF

Jair Bolsonaro (PL) é um dos oito réus do chamado ‘núcleo crucial’ do golpe. (Foto: Gustavo Moreno/STF)

STF está na fase da instrução criminal

Ao todo, a PGR denunciou 26 pessoas por envolvimento na trama golpista, que foram divididas em três grupos distintos conforme suas atividades. No caso do núcleo de Bolsonaro, as acusações são:

  • Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito
  • Tentativa de golpe de Estado
  • Participação em organização criminosa armada
  • Dano qualificado
  • Deterioração de patrimônio tombado

Os interrogatórios fazem parte da etapa de instrução criminal – etapa em que a defesa e a acusação trabalham para a produção de provas. Ao fim das oitivas, as partes deverão apresentar suas alegações finais e o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, preparará o relatório final para o julgamento.

 

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