A Polícia Federal identificou novas evidências que reforçam o papel central do general da reserva Braga Netto na disseminação de informações falsas sobre o sistema eleitoral brasileiro, segundo relatório obtido a partir da análise do celular do coronel da reserva Flávio Botelho Peregrino. As informações foram publicadas nesta quarta-feira (18) pelo site de notícias g1.
Réu por participação em uma suposta trama golpista, Braga Netto teria atuado com aliados, segundo a PF, para produzir conteúdos falsos sobre fraudes nas urnas eletrônicas, com o objetivo de enfraquecer a confiança nas eleições de 2022.
De acordo com o relatório de 135 páginas, a PF destaca que os envolvidos organizaram reuniões presenciais e virtuais, além de trocarem mensagens em grupos de aplicativos — um deles chamado “Eleicoes 2022@”, que incluía nomes como o deputado Osmar Serraglio, o coronel Franco Duarte, o major Angelo Denicoli e o próprio Braga Netto.
A investigação aponta que o grupo tentou obter o conteúdo da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. Peregrino, figura próxima de Braga Netto, ocupou cargos no Gabinete de Segurança Institucional (GSI), na Casa Civil e no Ministério da Defesa.
‘No local do Braga Netto’
Segundo a PF, as mensagens analisadas “demonstram que os integrantes da organização criminosa planejaram e executaram diversas ações para subverter o regime democrático”. Uma das estratégias, conforme os investigadores, foi estimular atos em frente a quartéis e instalações militares com a intenção de criar um ambiente favorável à tentativa de golpe de Estado.
A corporação também aponta que esse grupo teria colaborado com a elaboração do pedido feito pelo PL — partido de Braga Netto e do ex-presidente Jair Bolsonaro — para revisar o resultado do segundo turno das eleições presidenciais.
O pedido foi rejeitado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que impôs multa de R$ 22,9 milhões à legenda por litigância de má-fé. A solicitação, segundo a PF, baseava-se em informações falsas produzidas pelo instituto Voto Legal.
O relatório detalha ainda que os participantes do grupo produziram estudos fraudulentos, interpretando de forma distorcida dados públicos fornecidos pelo TSE, com o intuito de propagar desinformação sobre o pleito. Um dos documentos discutidos no grupo trazia o título: “Entenda, de uma vez por todas, por que a fraude nas urnas das eleições 2022 é incontestável e irrefutável, conforme mostrado pelos modelos de urna”.
A investigação também mapeou encontros agendados “no local do Braga Netto”, alguns com a participação do ex-presidente Jair Bolsonaro por videoconferência, além do senador Luiz Carlos Heinze e do procurador de Mato Grosso do Sul, Felipe Gimenez. Segundo a PF, parte dessas reuniões buscava influenciar o relatório técnico das Forças Armadas sobre a fiscalização do sistema eletrônico de votação.
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