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Xico Sá

Escritor e jornalista, faz parte da equipe de apresentadores do ICL Notícias. Com passagem por diversas redações e emissoras de tv, ganhou os prêmios Esso, Folha, Abril e Comunique-se. Participou de programas como Notícias MTV, Cartão Verde (Cultura), Redação Sportv, Papo de Segunda (GNT) e Amor & Sexo (Globo). É autor de Big Jato (Companhia das Letras) e A Falta (Planeta), entre outros livros. O colunista nasceu no Crato, na região do Cariri cearense, e iniciou sua trajetória profissional no Recife.

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Caso arquivado de Arthur Lira deixa R$ 4 milhões sem ´dono`

Procura-se proprietário do cofre encontrado pela PF no escândalo do "kit robótica". Ninguém aparece para pegar a fortuna
25/04/2024 | 14h01

Serviço de Utilidade Pública: procura-se o dono de uma bolada de R$ 4 milhões. E ninguém aparece para pegar a grana. Quem se habilita?

O dinheiro foi apreendido pela Polícia Federal, no ano passado, durante a Operação Hefesto — investigações sobre o desvio de recursos na compra dos kits de robótica direcionados a escolas de Alagoas.

O STF, informou o colunista Guilherme Amado, decidiu devolver a grana porque o ministro Gilmar Mendes anulou todas as apurações da Hefesto, livrando o presidente da Câmara, Arthur Lira, das acusações que pesavam contra ele e um grupo de assessores e aliados de Alagoas.

A PF havia apontado indícios de superfaturamento e lavagem de dinheiro, com o desvio de R$ 8 milhões em verbas do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE).

Foi em um cofre na cidade de Maceió, no endereço que pertenceria a Murilo Sergio Jucá Nogueira Junior, que a Operação Hefesto apreendeu os R$ 4 milhões “sem dono”. Funcionário da Polícia Civil, ele recebia, em 2022, um salário-base de R$ 10,5 mil por mês, mas possuía várias empresas em seu nome.

A PF suspeitava que o dinheiro poderia ser de Luciano Cavalcante, ex-assessor de Arthur Lira, afastado do gabinete da liderança do PP na Câmara dos Deputados depois do escândalo.

A Megalic, empresa que negociou os kits de robótica, também estaria envolvida no mistério do cofre.

Ninguém, porém, deseja resgatar a bolada. Provavelmente pela dificuldade que seria demonstrar que o valor tem origem legal.

Será que o “dono” está ganhando tempo, em uma aposta no esquecimento, para ir lá, na moita, buscar a grana?

Se não houve roubo de dinheiro público, por que ninguém vai em busca do “ouro”? Temos que lembrar: no folclore político de Brasília, o episódio ficou conhecido como o caso da “Roubótica”. Mais que um trocadilho, a situação chega a ser cômica, melhor, tragicômica.

Essa verba faria muita diferença, se aplicada, corretamente, na rede de escolas públicas alagoanas. Proponho, como cidadão brasileiro, que este seja o seu destino. Sei, porém, que o STF terá que esperar, como manda a burocracia, que o “proprietário” apareça.

Como líder da política de Alagoas, o presidente da Câmara poderia, pelo menos, ajudar o país a resolver esse mistério.

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